O frevo é sempre associado ao Carnaval pernambucano e vem sendo assim há mais de um século. Como todo mundo costuma dizer, o frevo nasceu dos dobrados militares e maxixes tocados pelas bandas durante as festas de Carnaval, que aceleravam o andamento da execução para acompanhar e estimular os capoeiras que iam à frente dos cortejos dançando, gingando e abrindo espaço no meio do povo para o bloco poder passar. Os paus, facas e facões que carregavam para a briga foram substituídos pela sombrinha. Tamanho rebuliço, movimento e animação davam a impressão que a massa de gente fervia.

Música e dança nasceram juntas, e foram batizadas depois, quando, no falar popular, o povo 'frevia', e de tanto frever, começou o frevo.

Histórias à parte, o curioso é que, ao longo do tempo, três tipos distintos de frevo foram classificados no Carnaval. O frevo de rua, o frevo de bloco, e o frevo-canção. Apesar da diferença entre eles, há muita gente que não sabe quando é um ou é outro. Mas todo mundo, sabendo ou não, entra na folia.

Frevo de rua

O frevo de rua é aquele primordial, derivado da alteração dos maxixes e das marchas militares. Música exclusivamente instrumental, não tem letra para se cantar. Dentro desse tipo encontramos três subtipos: O frevo coqueiro, o frevo ventania e o frevo abafa.

Essa classificação usa o critério usado pelo compositor para o arranjo, quando se faz a escolha dos instrumentos que vão dar ênfase à execução melódica.

No frevo coqueiro, o destaque fica para o naipe de metais da orquestra. Entram em ação os trombones, trompetes, trompas e tubas. Tome música!

No frevo ventania, a ênfase fica com os instrumentos de sopro de madeira e com palhetas: clarinetes, saxofones, oboé e flauta.

O som sai mais suave e delicado. Como uma ventania.

Já o frevo abafa é aquele que as orquestras tocam quando dois blocos se encontram nas ruas durante o Carnaval. É cada um por si, revivendo os tempos iniciais, quando os capoeiras brigavam com pernadas, paus e armas brancas. A orquestra que conseguir tocar mais forte, superando a orquestra rival, 'ganha' a batalha do encontro.

Muito comum no carnaval de Olinda.

Frevo de Bloco

Para permitir que as mulheres brincassem também o Carnaval, foram criados os blocos líricos. Geralmente grupos familiares e amigos próximos se juntavam para todos irem à folia, que assim, era vivida com segurança e tranquilidade. Para adequar a brincadeira, em geral forte e 'frevente', para as delicadas foliãs, foram feitas músicas mais líricas e suaves, com letras cantadas pelas componentes, e com certo conteúdo nostálgico em suas letras. É característica dessa música o coral feminino. No carnaval do Recife, são comuns os encontros de blocos líricos. (Ouça um frevo de bloco no anexo: Volta Folia)

Frevo-Canção

Ao ouvir uma animada música, queremos logo cantá-la.

Quando não tem letra, todos fazem PA-PA-RÁ-PA-PARARÁ-PARARÁ... Quando tem letra, parece que a alegria é maior, pois além da melodia nos contagiar, a letra nos conta uma história, um momento alegre. Assim surgiu o frevo-canção. É, basicamente, o frevo de rua, animado, quente, agitado, porém, com letra para o folião soltar a voz junto com o corpo.

Mais que saber isso lendo, só vendo, ouvindo e vivendo de verdade.

Passe o carnaval em Pernambuco e descubra porque o frevo é Patrimônio Imaterial da Humanidade.