A onda de críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelo polêmico "e daí?" falado durante a semana ao comentar as mortes por coronavírus no Brasil ganhou mais um nome. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, nesta sexta-feira (1/5), aproveitou para dar uma "alfinetada" no presidente.
No caso, o prefeito paulistano fez uma relação com a expressão dita pelo presidente ao comentar sobre as ações que a prefeitura vem tomando para evitar aglomerações nas agências da Caixa Econômica Federal para aqueles que buscam sacar os R$ 600 do auxílio emergencial do governo.
"(Eles) não pediram a nossa ajuda, mas mesmo assim decidimos ajudar. O que acontece em São Paulo, de certa forma, também é nossa responsabilidade. Aqui não tem 'e daí?'", afirmou Covas em entrevista à GloboNews.
'E daí?' gerou polêmica e críticas
A frase de Bolsonaro foi dita na quarta-feira (29) ao responder sobre o fato de naquele dia o Brasil ter ultrapassado a China (epicentro inicial do Covid-19) em número de mortos pela doença.
"E daí? Eu lamento, mas quer que eu faça o quê? Eu sou Messias [nome do meio do presidente], mas não faço milagre", disse o presidente na ocasião.
A frase "e daí?" gerou uma série de críticas nas redes sociais contra o presidente, sobretudo por mais uma indicação da postura considerada de desprezo aos mortos, que até o começo desta sexta, já teriam passado de 6 mil confirmadas.
E também ajudou a reforçar os pedidos de impeachment que vêm desde a demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, na última semana, e as acusações do ex-juiz a Bolsonaro.
Covas rebate críticas de Bolsonaro
Na entrevista, Covas voltou a rebater uma declaração do presidente, que afirmou que estados e municípios vem falhando na tentativa de "achatar a curva" das contaminações da doença.
Crítico das quarentenas impostas, Bolsonaro vem pressionando por um relaxamento das restrições e o próprio presidente tem estimulado aglomerações em suas saídas do Palácio do Alvorada.
"Se o presidente colaborasse, pelo menos dizendo para que as pessoas ficassem em casa, talvez a gente não tivesse esse índice preocupante de apenas 48% das pessoas ficando em casa", disse o prefeito de São Paulo.
Nos últimos dias, o índice de adesão à quarentena tem sido abaixo da porcentagem mínima ideal (entre 60% e 70%) vista por especialistas com a que pode ajudar a evitar uma maior disseminação do coronavírus pela população
"Não fossem as medidas que estamos tomando aqui em São Paulo e no estado, o número de mortes poderia ser ainda maior do que o que já temos aqui, A gente conseguiu, de alguma forma, segurar esse crescimento da curva", disse.
Quarentena em SP pode ser ampliada
Ao contrário da decisão do governador João Doria de relaxar a quarentena a partir do próximo dia 10, Bruno Covas irá manter o período de restrições na cidade de São Paulo. Há até a possibilidade de que a quarentena seja endurecida, com ruas e avenidas bloqueadas para limitar a passagem de pessoas.
A partir de segunda-feira (4), máscaras serão obrigatórias nos transportes públicos em São Paulo.