A Mooca, situada na zona leste de São Paulo, é um dos bairros mais emblemáticos da história da cidade de São Paulo, principalmente em relação a industrialização da cidade no início do século 20. Tanto que lá, até hoje, possui o Museu do Imigrante, justamente ao lado da via férrea que corta a cidade. Ali, no início do século, chegavam grande quantidade de imigrantes, principalmente italianos, para trabalhar nas fazendas e nas indústrias que começavam a ser construídas, no Brás e também na Mooca. Ali, encontrava-se o Cotonifício Crespi, da família, aquela que seria a principal fábrica do bairro.

Fundada em 1897 pelo imigrante italiano, Rodofo Crespi, tornou-se uma das maiores fábricas de São Paulo, nos anos anteriores à Primeira Guerra.

Essa fábrica foi tão importante para história do bairro, que graças à ela surgiu o Clube Atlético Juventus, o simpático moleque travesso na Rua Javari, que surgiu justamente como um clube recreativo para os operários da fábrica e, um pouco mais abaixo, ao lado do simpático campo do Juventus e que se chama justamente Conde Rodolfo Crespi, foi construído um imóvel, em 1933 para que as mães operárias da fábrica deixassem seus filhos, chamada Marina Crespi.

O cotonifício durou até 1963, e passadas algumas décadas de abandono, foi restaurado e hoje é ocupado pelo hipermercado Extra.

O mesmo cuidado, no entanto, não foi dado a creche Marina Crespi. Com o fim da fábrica, a creche foi ocupada pela Associação Montessori, de 1969 até 1997, o Colégio Meta e até poucos anos atrás, vinha servindo de creche da prefeitura e sede da Fundação Ninho Jardim Condessa Marina Regoli Crespi.

No entanto, em 2010, ao vencer o contrato com a prefeitura, o imóvel ficou inutilizado e assim, serviu de abrigo para moradores de rua, um total de 56 famílias, que acabaram destruindo toda a antiga estrutura do prédio histórico.

A Associação Santo Agostinho, que é a atual proprietária do imóvel, entrou com pedido de reintegração de posse e conseguiu retirar os moradores somente em 2013, quando o imóvel já estava semidestruído. Para tentar preservar parte importante da história do bairro, os moradores defendem o seu tombamento como patrimônio histórico-cultural e ambiental da cidade de São Paulo e o projeto está em análise.

Seria muito bom que esse imóvel fosse preservado, mesmo porque o bairro da Mooca, vem passando nos últimos anos por uma grande transformação com uma grande construção de prédios de alto padrão e, aos poucos, o bairro vai perdendo sua identidade histórica. Seria interessante que a Mooca tivesse um museu, visto que importantes fábricas ali funcionaram. Por exemplo, poucas pessoas sabem que ali existiu um hipódromo antes da construção do Jockey Clube, poucas pessoas sabem também que o Cotonifício Crespi foi onde ocorreu a primeira greve operária do Brasil. Enfim, o bairro tem muita história que precisaria ser preservada, e o espaço da antiga creche seria o local ideal para isso.