Cada ano é um recomeço. Com ele surgem novas perspectivas, metas, desejos, escolhas. Este movimento cíclico é bastante natural no curso da vida em sociedade. No campo da Educação, as coisas também seguem certa regularidade e remetem para o novo, mas também para o que é oportuno reafirmar e não perder de vista.

Anualmente, as escolas de educação infantil, responsáveis pela educação formal de crianças que iniciam a vida escolar, têm a tarefa de traçar temas, metas, objetivos, estratégias que possam contribuir com o desenvolvimento integral. No entanto, mais do que elaborar belos e audaciosos planejamentos anuais, com o que se pretende que as crianças aprendam, é importante considerar que o currículo em educação infantil em uma perspectiva de formação de sujeitos autônomos e capazes de contribuir com seu o seu próprio desenvolvimento se faz no curso do caminho percorrido.

O que não quer dizer que professores e equipe pedagógica não possam também incluir alguns temas que achem interessantes ao longo do processo, tendo em vista as características e demandas de cada turma. Seguem algumas sugestões de temas que podem ser abordados pelos professores ao longo do ano, além daqueles que costumeiramente se trata no calendário escolar.

Coração para que te quero? – O reconhecimento do próprio corpo e suas possibilidades de movimento são temas quase que obrigatórios na educação infantil. A proposta deste tema é ir um pouco além e trabalhar as sensações, os sentimentos. Explorar a afetividade a partir da imagem do coração pode ser muito rico.

Fazer perguntas como: “Para quê serve o coração?”, “Como está seu coração?”, “Meu coração bate mais forte quando?”, “Será que todo mundo tem coração?”, “Os bichos têm coração?” podem contribuir para que as crianças aprendam a valorizar e cultivar sentimentos de amizade, amor e cuidado consigo e com os outros.

Meu planeta Terra – A existência humana se constitui pela existência de outros seres também moradores deste planeta, como os animais e as plantas. Aqui é possível trabalhar desde a forma geométrica do planeta como quem o habita. Entender que são os seres humanos não são os únicos neste mundo ajuda a construir desde cedo uma consciência ecológica tão necessária nos dias atuais.

Corrente do bem – Nesta mesma perspectiva, agora olhando para a referência de casa ou da Escola cabe refletir com as crianças: O que pode ser melhor? Como minha escola pode ser melhor? Como minha casa pode ser melhor? Como minha sala de aula pode ser melhor? Aqui é possível envolver a família ou outras turmas da escola.

O professor deve listar com as crianças algumas pequenas boas ações que serão concretizadas e que podem transformar positivamente o ambiente em que as crianças estão inseridas e/ou a realidade de alguém necessitado.

Coisas simples e significativas como ajudar um colega machucado, não jogar lixo no chão, construir um pequeno jardim, fazer alguma atividade em família, arrecadar roupas para doação. O aprendizado envolvido é o do senso de corresponsabilidade pelo bem de todos.

Histórias sobre mim – As histórias clássicas ou modernas fazem parte do universo infantil. O professor é quase sempre o protagonista neste cenário. Perceber também as crianças como contadoras de histórias pode ser interessante. Para aquelas que já desenvolveram a oralidade, a sugestão é reservar um tempo para coletar nas rodas de conversa relatos das crianças sobre suas vivências pessoais.

As crianças vão falar daquilo que é significativo.

O professor pode fazer registros de relatos pontuais das crianças e estas podem incrementar com suas escritas espontâneas e desenhos.

Estes temas certamente suscitarão outras possibilidades de trabalho a partir do que as crianças trazem em suas diversas formas de expressão. Aguçar o olhar e afinar a escuta é o constante desafio.