A desconfiança é tão grande que muitos escritores nem enviam mais seus originais para análise às grandes editoras do país, como a Companhia das Letras, Record, Objetiva, Rocco e etc, optando pelo caminho da autopublicação.

Para muitos, as grandes editoras só publicam por indicação. Segundo alguns editores, isso é verdade. Escritores recomendados têm maior credibilidade. Entretanto, a indicação não é tudo: o escritor tem que ser talentoso e seu original precisa agradar. Do contrário, é o mesmo que nada...

O fenômeno literário Giovani Martins, autor de O Sol Na Cabeça, chegou à Companhia da Letras por indicação de Antônio Prata.

Os editores gostaram de seu livro, e antes de ser publicado no Brasil, Sol Na Cabeça ganhou nove países, tornando-se um best-sellers.

Vencer um prêmio literário relevante chama a atenção dos grandes editores também, contudo não é nada garantido, uma vez que o original pode ter grande valor literário mas, para eles, não apresentar apelo comercial.

Um Gato Chamado Borges, do escritor Vilto Reis, do canal Homo Literatus, é um grande exemplo disto. Mesmo sendo um dos finalistas do prêmio Sesc de Literatura, foi recusado por todas as grandes editoras do país – desta rejeição nasceu a Nocaute, editora que o próprio autor fundou para poder publicar seu livro.

As grandes editoras também tem interesse por livros de autores independentes que estão fazendo sucesso na internet.

Mas geralmente esses autores são youtubers também, que tem um grande número de seguidores.

Um exemplo disto é do escritor Eduardo Spohr, que tem um canal chamado Jovem Nerd. Ele chegou a vender 4 mil exemplares do seu livro A Batalha do Apocalipse através deste canal. Uma grande editora ficou interessada em seu sucesso e fechou contrato com ele.

Hoje ele comemora mais de 180 mil cópias vendidas.

Mas, afinal, seriam apenas esses os caminhos para conseguir ter livros publicados por grandes editoras? Elas não publicam autores desconhecidos, que enviam seus originais para análise?

Muitos editores afirmam que sim, eles também procuram escritores entre as dezenas de originais que chegam a cada dia, mas, para eles, é o mesmo que garimpar diamantes.

As queixas são muitas. A maior delas diz respeito à linha editorial: muitos escritores enviam livros de poesias, ou de crônicas, por exemplo, para editoras que publicam apenas romances e de vez em quando algum livro de contos.

Esse exemplo é o mais simples, mas há outros mais bizarros, de escritores que enviam livros técnicos para editoras que publicam apenas ficção e vice-versa.

Os editores criticam muito também a qualidade dos originais. A maioria dos originais analisados não passam da primeira página, de tão ruins, e quando passam, param de ler muito bem antes do fim.

Sobre a péssima qualidade dos originais enviados para análise, disse Izabel Aleixo, ex-diretora editorial da Nova Fronteira ao G1: "E, vou te dizer uma coisa, 98% dos livros, logo nas primeiras páginas, senão na carta de apresentação, você vê que não é um livro de verdade.

Não falo nem de regras gramaticais, e sim do mínimo de estilo, de consciência literária".

Para que escritores não percam a chance de ter seu livro publicado por uma grande editora, alguns autores resolveram dar cursos de como apresentar seu original aos editores.

Num desses cursos, ministrados pela Carreira Literária, por exemplo, há dicas de como escrever a primeira página de um modo arrebatador, bem como de sustentar a narrativa até o fim, conquistando de vez o editor.

Numa pesquisa realizada com 60 escritores, verificaram que 14 tiveram seus livros aprovados por editores sem ser indicado por alguém, mostrando, portanto, que sim, muitos editores de grandes editoras leem os originais que chegam para análise.

"Não é frequente, mas publicamos, sim, autores estreantes que chegam a nós de forma voluntária e sem indicação", disse Luciana Villas-Boas à G1, e completa: "Qualidade é essencial, mas é preciso ter também potencial de mercado".

Na minha opinião, esse é o caminho. O escritor que deseja se profissionalizar deve enviar seus originais às grandes editoras. Entretanto, não deve desistir aos primeiros nãos – há história de escritores que foram rejeitados mais de cem vezes!

Por outro lado, desistir das grandes editoras por um momento não é tão desvantajoso assim. Procurar pequenas e médias editoras famosas por lançarem bons autores pode ser um bom caminho.

Muitos autores lançados por essas pequenas e média editoras vem vencendo prêmios importantes, como por exemplo o da Biblioteca Nacional, onde de nove, sete premiações foram dadas para essas editoras.