O velho dogma de que “política, futebol e religião não se discutem” é utilizado como um ultimato para que nada mais seja dito quando os argumentos em si se extinguem em uma discussão, porém, dos dois primeiros temas nada se pode afirmar, mas a política, definitivamente, tem como base o diálogo.

O Brasil é um país em que a democracia vigora, prevendo assim que os desejos e as necessidades da população sejam atendidos. Entretanto, com tantas notícias ruins relacionadas à política, não parece ser o que acontece. Em qualquer roda de conversa ouvimos reclamações sobre a saúde e a educação do país, mas deve-se questionar como de fato pode-se resolver tudo isso.

A democracia permite que possamos escolher os nossos representantes, mas, se não houver a fiscalização das pessoas, como poderão ser cobrados os direitos? Para isso, é preciso entender sobre o assunto e justamente por isso, existe a educação política.

Conviver com o outro é natural, porém, exige esforço. Esforço este que foi colocado à prova nestas últimas eleições. Definitivamente 2018 ficará marcado como o ano do interesse por política. Manifestações estrondosas de ambos os lados, com famílias inteiras, sobrando espaço até para os cachorros e as crianças. Em qualquer conversa de bar se via que o engajamento por este tema de fato aumentou. Não só nas redes sociais, mas em qualquer posto de saúde, lanchonete ou até mesmo no trem era possível ver alguém citando o nome de Haddad ou Bolsonaro.

A política nunca esteve tão próxima e ao mesmo tempo tão longe da população.

Afinal, estamos mais politizados?

Uma pesquisa de agosto deste ano revelou a herança que restou ao país após os desdobramentos da Lava-Jato e da crise que se alastrou por todo o Brasil: o desinteresse do eleitor jovem. As informações foram emitidas pelo próprio TSE através dos dados do Cadastro Eleitoral, e demonstram que houve uma redução da população de 16 e 17 anos apta a votar --de 1,6 milhão em 2014, para 1,4 milhão nesse ano.

Além disso, desde as manifestações de 2016 se via uma insatisfação e uma descrença cada vez maior pela política, tanto que inúmeros levantamentos do Ibope apontavam os eleitores pessimistas com estas eleições. Entretanto, a sensação do país contraria estas pesquisas.

Após a impugnação de Lula, e de um embate previsível entre Haddad e Bolsonaro, as campanhas nas redes sociais foram para as ruas, e inclusive o movimento ‘Vira voto’, que tinha como foco convencer os indecisos a votarem no candidato petista e reverter votos destinados ao candidato do PSL, mostrou um engajamento notório do brasileiro.

Embora o interesse tenha crescido, não existe um aprofundamento, e nem mesmo um conhecimento básico de causa. A verdade é que o brasileiro está, a passos de tartaruga, começando a se enxergar na política.

Nesse sentido, o brasileiro está se aproximando da política, mas ainda muito distante do propósito pela qual ela foi idealizada. Inclusive, por isso, a sensação de que a política está ‘na boca’ de todos os brasileiros, enquanto as pesquisas mostram o contrário.

Como viver a política?

Política no dicionário significa: “a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados”. A relação pode não parecer clara à primeira vista, mas política e sociedade são interdependentes e para a construção de uma sociedade estruturada, uma precisa da outra.

Como o próprio Aristóteles diria, é um interesse natural. Todos os nossos atos têm algum fundo político, a questão é ‘profissionalizar’ esse interesse.

Com a crescente de organizações como o "Politize!" ou a "Escola do Parlamento", Maquiavel, mesmo que nascido em 1469, está cada vez mais próximo — em conteúdo e em facilidade de acesso — de todos nós. Essa é a verdadeira política. Os 79% de brasileiros que não se sentiam representados por partidos políticos em 2016, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, são parte do fenômeno batizado de apolitismo, que é a recusa por política, e consequentemente, por tudo o que é público. Quem não deseja participar do público, será governado por quem se interessa e assim, contribui com o monopólio de partidos.

Resta saber se o brasileiro deseja ser governado por políticos que ignoram a importância da educação política e tem horror à denominação de "político", mas, claro, mexem com o seu dinheiro e com a sua vida.