O que você pensa quando escuta o nome Freud? Com certeza não é alguém ridicularizado pelos colegas de profissão, dependente de substância químicas com dificuldades para pagar o aluguel, certo? Pois é justamente assim, antes do sucesso e da fama, que a nova série da Netflix retrata o pai da psicanálise.
“Freud”, a primeira produção austríaco-alemã original da plataforma, se passa na Viena de 1886. Nela, o jovem Sigmund Freud está dando os primeiros passos na profissão.
Não é só sobre psicanálise
Embora as sessões de hipnose, o trabalho com pacientes no manicômio e algumas teorias até apareçam, essa com certeza não é uma série sobre psicanálise.
O que o telespectador vai encontrar é um thriller de suspense e ação com muito sangue e boas doses de sobrenatural.
Decidido a se tornar conhecido na Viena do século 19, o jovem Freud se une a uma enigmática vidente chamada Fleur Salomé e ao inspetor de polícia local chamado Alfred Kiss para resolver uma série de mistérios e assassinatos sem explicação.
O anti-semitismo crescente, as tensas relações entre a Áustria e a Hungria e as visões opostas sobre o tratamento de pacientes com problemas mentais dão o pano de fundo para esta aventura no melhor estilo do detetive Sherlock Holmes.
Sinistro e sombrio
Apesar de filmada em Praga, o diretor Marvin Kren garante que Viena foi sua principal influência visual.
Em entrevista a revista Variety, ele explica: “Cresci na cidade e tenho orgulho de dizer que é uma das cidades mais bonitas do mundo. Tem um certo apelo de que à luz do dia a arquitetura é linda, mas à noite tem um certo sentimento de estranheza. É sinistro e sombrio, e sou influenciado por isso.”
Sinistro e sombrio, com certeza, são adjetivos que fazem jus ao que é encontrado na série.
Rituais estranhos, mitologia húngara e uma Viena envolvida em sombras acompanham as desventuras do jovem doutor Sigmund Freud a cada capítulo.
Perfeito para maratonar
Composta por oito episódios de aproximadamente 50 minutos cada, a serie é uma ótima opção para maratonar durante este período de quarentena por conta do coronavírus.
O ótimo elenco traz o ator Robert Finster como o protagonista, Ella Rumpf (de Raw) como Fleur Salomé e Georg Friedrich (de A Pianista) como o veterano de guerra Inspetor Kiss.
A concepção para criar “Freud” veio do próprio diretor que também assina os roteiros a lado de Stefan Brunner (Tatorf) e Benjamin Hessler (4 blocks).
Agora é torcer para termos uma segunda temporada onde os conceitos desenvolvidos pelo pai da psicanálise ganhem um pouco mais de protagonismo.
Não precisa ser nada muito filosófico, é claro. Afinal, como o próprio Freud uma vez disse: “Não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida.”