O novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, desmentiu publicamente o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) quando este afirmou que seu novo ministro teria no currículo um doutorado. Na quinta-feira (25), quando Bolsonaro apresentou seu novo ministro da Educação, o presidente destacou que Decotelli possuía um doutorado pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina. Bolsonaro divulgou a informação baseada em afirmação divulgada pelo próprio Decotelli.

Quem também tratou de esclarecer os fatos foi o próprio reitor da Universidade Nacional de Rosário, Franco Bartolacci, que em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, afirmou que o novo comandante do MEC além de não ter doutorado na instituição, também foi reprovado no curso.

Bartolacci afirmou que Decotelli chegou a cursar o doutorado, porém não o finalizou, desta maneira ele não completou os requisitos que são exigidos para a obtenção do título de doutor na universidade argentina. Bartolacci afirmou ainda que Carlos Decotelli foi avaliado negativamente pelo jurado que analisou o trabalho do novo ministro da Educação e, sendo assim, teve sua tese de doutorado reprovada.

A informação de que Decotelli foi reprovado na tese de doutorado veio depois que o Ministério da Educação foi questionado sobre o desmentido do reitor da Universidade de Rosário. O MEC enviou um certificado à imprensa mostrando que o ministro cursou todas as disciplinas do curso de doutorado em administração.

Mas para que ele conseguisse o título de doutor, era preciso que sua tese tivesse sido aprovada, o que, segundo o reitor, não aconteceu.

Pós-doutorado

Outra informação intrigante que consta do currículo Lattes de Decotelli é a de que ele também tem um pós-doutorado. Fica difícil imaginar como alguém que não tem um doutorado pode ser capaz de possuir um pós-doutorado.

Depois de toda a repercussão negativa, Carlos Decotelli alterou seu registro na plataforma Lattes, destinado a currículos acadêmicos, revelando que não defendeu a tese. É prática comum deste Governo (e de outros), que ministros mintam em seus currículos.

No atual governo, o ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez assumiu a autoria de livros que não são dele no currículo Lattes.

Ricardo Salles, o ministro do Meio Ambiente, não tem mestrado em direito público pela Universidade de Yale, Salles afirma que o título lhe foi atribuído por um erro de sua assessoria.

Outros governos

No governo do ex-presidente Michel Temer, Luislinda Valois, ministra dos Direitos Humanos, tinha em seu currículo "embaixadora da paz da ONU em 2012", mas a homenagem não foi concedida a ela na verdade pelo reverendo Moon. A ex-presidente Dilma Roussef também maquiou seu currículo Lattes com o título de mestre em Economia pela Unicamp, mesmo ela nunca tendo defendido a dissertação. Todos esses casos foram criticados pelas incorreções.

No caso do novo ministro da Educação, houve uma tentativa de acobertamento do caso, com Decotelli e o MEC tentando desacreditar o reitor da universidade argentina e a imprensa. O MEC insistiu na história de que o ministro realmente tinha o diploma de doutor quando mostrou um certificado de conclusão de disciplinas ao invés de ter reconhecido o erro e se desculpado.