Na noite da última quinta-feira (5), em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dobrou a aposta nos ataques que vem fazendo aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. O mandatário ainda fez críticas à declaração do presidente do Supremo, Luiz Fux, que reagiu ao líder do Executivo e anunciou que cancelou de maneira unilateral a reunião que iria acontecer entre os chefes dos Poderes.

Mal-informado

Em sua tradicional transmissão ao vivo para as redes sociais, Jair Bolsonaro indicou que não está disposto a levantar a bandeira branca na guerra que vem travando contra o Judiciário, ainda que tenha afirmado que está aberto a conversações.

Bolsonaro sugeriu que o presidente do STF está mal-informado por ter citado informações da imprensa ao realizar um discurso que respondia ao presidente da República.

Cancelada

Ao término da sessão do plenário da quinta-feira, Luiz Fux rebateu os ataques do presidente Jair Bolsonaro a ministros do Supremo. Ele declarou que o ocupante do Palácio da Alvorada repete declarações falsas e fez o anúncio do cancelamento de uma reunião que iria acontecer entre os chefes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

De acordo com Fux, quando um ministro do Supremo é atingido, toda a Corte é atingida. O presidente da mais alta Corte do país também criticou o que denominou de afirmações equivocadas de Jair Bolsonaro sobre decisões do STF e suas acusações contra o sistema eleitoral brasileiro.

Fake news

Em sua live, Bolsonaro afirmou que não estava fazendo ataques ao STF, porém questionando a conduta do ministro Barroso, que exerce a função de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é contra a adoção do voto impresso para as eleições, e do ministro Alexandre de Moraes, que acatou o pedido de Barroso para que o presidente da República fosse incluído nas investigações do inquérito das fake news conduzido pelo Supremo.

Para Bolsonaro, o Supremo é uma instituição importante para o país, mesmo que o comportamento de alguns de seus ministros “não seja condizente com a democracia”. Bolsonaro falou que deseja conversar com Barroso, porém fez o alerta de que todos saibam quais são "os seus limites". O presidente ainda declarou que quer saber “onde vai dar” o inquérito das fake news, cujo relator é Alexandre de Moraes.

Reunião

De acordo com informações da CNN Brasil, Luiz Fux irá se reunir nesta sexta-feira (6) com Augusto Aras, o procurador-geral da República. A previsão é que o encontro aconteça às 12h. Na quinta-feira, a analista política Basília Rodrigues questionou Augusto Aras sobre as investigações contra o presidente da República, ao que o procurador-geral declarou que não tem alinhamento com o presidente, e sim com a Constituição, e que vai se manifestar sobre a conduta do presidente no inquérito das fake news “dentro do quadro constitucional”.