O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), desde o início do seu mandato como chefe do Executivo, fez da entrada do Palácio da Alvorada, a residência oficial da presidência da República, uma espécie de local de adoração em que seus apoiadores se acotovelam (mesmo em tempos de coronavírus) para prestarem apoio ao "mito".

Cercadinho

A área destinada aos fiéis seguidores do amigo de Fabrício Queiroz ficou conhecida como cercadinho. O local de adoração ao presidente da República já passou por diversas fases.

Além de seus apoiadores mais fanatizados, o cercadinho também era frequentado por profissionais da imprensa, que ficavam localizados ao lado dos apoiadores do presidente Bolsonaro.

Insalubridade

Com o passar do tempo, a imprensa percebeu que era impossível realizar seu trabalho de acompanhar as falas do mandatário, visto que Bolsonaro não admite ouvir perguntas que lhe desagradem e é muito comum que reaja com falas grosseiras –seus ataques à imprensa são destinados na maior parte das vezes contra jornalistas mulheres.

Os próprios apoiadores de Bolsonaro começaram a hostilizar a imprensa, e os seguranças da presidência da República não faziam muita questão de proteger os jornalistas, o que fez com que o cercadinho ficasse restrito somente aos fãs de Bolsonaro.

São raros os momentos em que Jair Bolsonaro é cobrado no cercadinho por seus apoiadores por algum problema, afinal de contas, para o presidente e para os bolsonaristas, Jair Messias Bolsonaro não é responsável por nada de ruim que acontece no Governo.

Talvez o cercadinho esteja no início de uma nova fase em que até mesmo os bolsonaristas mais desconectados com a realidade estejam finalmente enxergando que o Brasil está passando por momentos de extrema dificuldade.

Na quinta-feira (16), um apoiador mais exaltado de Bolsonaro se dirigiu ao mandatário de maneira que Jair Bolsonaro não gostou.

É irônico, para dizer o mínimo, ver Jair Bolsonaro irritado com alguém que fala de maneira grosseira.

O homem reclamou com o chefe do Executivo sobre uma portaria do Inmetro. Bolsonaro mesmo reclamando do tom nada amistoso do rapaz, acabou ligando para o presidente do Inmetro, o coronel do Exército Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior, e aparentemente resolveu a situação.

Após a situação, Bolsonaro novamente perdeu a paciência com conversas paralelas que estavam acontecendo enquanto ele estava falando.

Dilma

Em mais um momento em que o atual ocupante do Palácio da alvorada tentou tirar de seus ombros a responsabilidade do que está acontecendo no país, Bolsonaro disse que bastava comparar o ano de 2021 com 2011.

Se os bolsonaristas mais aguerridos fizessem um mínimo de esforço para buscar informações, iriam descobrir que a fala de Bolsonaro (que afirmou que o país está em uma situação melhor agora) não faz o menor sentido, pois em 2011, sob o governo de Dilma Rousseff (PT), a taxa de desemprego foi a mais baixa registrada até aquele momento, 6,7%, de acordo com números do Pnad. Em 2021, o Brasil fechou o segundo semestre com uma taxa de desemprego de 14,1%, segundo o IBGE.