A nova série "Hunters", produzida pela Amazon, tem como um de seus atrativos a estreia do astro Al Pacino no mundo das séries. A série até recebeu críticas positivas, porém muitos não gostaram de vários detalhes mostrados na produção.
A obra protagonizada por Al Pacino mostra um grupo de caçadores de remanescentes do regime imposto por Adolf Hitler na Alemanha na década de 1930. Ela é ambientada na Nova York de 1977, onde o grupo descobre centenas de seguidores de Hitler que fugiram para os Estados Unidos.
O Memorial Oficial de Auschwitz considerou o seriado “historicamente impreciso”.
A organização criticou no Twitter uma cena específica da produção vista logo em seu primeiro episódio, a cena em que é mostrado um xadrez humano que quando uma peça é retirada uma pessoa é morta.
Na declaração do Memorial é dito que Auschwitz foi repleto de dor e sofrimento e isto está documentado pelos relatos dos sobreviventes e inventar um falso jogo de xadrez humano além de ser uma loucura e na visão da organização, acolhe futuros negacionistas históricos. “Honramos as vítimas, preservando a precisão dos fatos”, diz a publicação no Twitter.
Auschwitz was full of horrible pain & suffering documented in the accounts of survivors. Inventing a fake game of human chess for @huntersonprime is not only dangerous foolishness & caricature. It also welcomes future deniers. We honor the victims by preserving factual accuracy. pic.twitter.com/UM2KYmA4cw
— Auschwitz Memorial (@AuschwitzMuseum) February 23, 2020
A organização é responsável pela preservação de um campo de extermínio no sul da Polônia.
Neste local, mais de 1,1 milhão de pessoas, a maioria judeus, foram assassinadas em câmaras de gás, ou ainda morreram vitimadas por doenças, fome ou frio.
Livros
Neste último domingo (23), o Museu de Auschwitz, além de criticar a série, também criticou a Amazon pela venda de livros com temáticas antissemita. A Amazon foi solicitada pela Reuters a comentar o assunto, mas não quis se pronunciar.
Nos últimos 18 meses, a Amazon retirou de sua plataforma diversos livros de autores considerados de extrema-direita, tais como: David Duke, ex-mandatário da Ku Klux Klan, e Lincoln Rockwell, fundador do partido que apoia o regime de Hitler nos EUA. A retirada das obras literárias do catálogo da empresa foi feita após o Museu de Auschwitz pedir ao bilionário Jeff Bezos que retirasse da plataforma livros infantis com temática antissemita.
Em mensagem pelo Twitter, o museu informava que livros de Julius Streicher, com esta temática, também podem ser encontrados na Alemanha, a mensagem foi acompanhada por capturas de tela que mostravam os livros à venda na plataforma. Entre as obras encontradas de Streicher está "O Cogumelo venenoso", o livro foi publicado em 1938.
A PAP, agência estatal de noticias da Polônia, citou a empresa de Jeff Bezos, afirmando que como plataforma de venda de livros estava ciente da censura imposta às obras e afirmava que era importante garantir o acesso aos livros, incluindo os que contenham conteúdo polêmico. Em dezembro, a empresa retirou produtos decorados com imagens de Auschwitz, incluindo decoração com temas natalinos, depois de o museu ter se posicionado contra.