O maior comunicador da televisão brasileira tomou uma atitude considerada por muitos como inusitada. Silvio Santos, dono do SBT, rebateu uma informação publicada pela Revista Veja. Nela, o veículo de comunicação informava que o ‘empresário do Baú’, teria indicado nome de um substituto do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que deixou, na quinta-feira (16), o Ministério da Saúde.
Silvio Santos não costuma rebater notas publicadas na mídia. Pelo contrário. Ele recebe, sempre, um apanhado de informações que saem a respeito dele na imprensa e muitas vezes se diverte com as publicações de determinados assuntos.
Desta vez, o comunicador reagiu. Ele escreveu uma nota, que foi enviada à coluna Radar, da revista. Nela, o empresário salienta que não costuma se meter em assuntos políticos. Silvio Santos reconhece que a concessão da emissora dele é pública, pertence ao governo, logo não se colocaria contra a decisão “do meu patrão”, no caso o presidente da República. "A minha concessão de televisão pertence ao governo federal e eu jamais me colocaria contra qualquer decisão do meu "patrão" que é o dono da minha concessão", disse.
Ênfase
Essa questão de subordinação ao “chefe” é enfatizada em outro trecho da nota. Para Silvio Santos, o empregado que se coloca contra o chefe chega a dois caminhos: ou aceita a opinião ou encontra outro emprego.
A nota da Revista Veja destaca que nomes ligados aos negócios fecharam questão sobre o nome de Nelson Taich para assumir o Ministério da Saúde, mas Silvio Santos foi na contramão ao indicar Claudio Lottenberg, diretor do Albert Einstein, à função.
História
Silvio Santos flerta com o poder desde a década de 1970. Por muitos anos, ele exibia um programa semanal em que trazia a agenda política dos presidentes da República, o famoso Semana do Presidente.
Depois, esse programa deixou a grade do Sistema Brasileiro de Televisão. Recentemente, na gestão Jair Bolsonaro, o empresário e apresentador de programas de auditório cogitou o retorno do noticiário a ser produzido pelo Departamento de Jornalismo da TV sob sua concessão.
Demissão
Luiz Henrique Mandetta foi demitido na tarde de quinta-feira (16).
Há semanas, ele vinha em um intenso embate político com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O primeiro defende o isolamento social; o chefe do Poder Executivo, no entanto, demonstrava preocupação com esse distanciamento e o consequente declínio da economia.
No domingo (12), Mandetta concedeu entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo. Na ocasião, ele defendeu a unidade de discurso entre Ministério da Saúde e Presidência da República. Para integrantes do governo, o bate-papo foi considerado uma afronta a Bolsonaro, que não alimenta afeto à emissora da família Marinho. Com isso, os militares, que apoiavam a manutenção de Mandetta, teriam retirado esse apoio.