O humorista, apresentador e escritor Jô Soares morreu às 2h30 desta sexta-feira (5), aos 84 anos. Um dos maiores humoristas do Brasil, o apresentador do "Programa do Jô", exibido pela TV Globo de 2000 a 2016, estava internado desde o dia 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, região central de São Paulo, onde deu entrada para tratar de uma pneumonia. A causa da morte não foi divulgada. Quem comunicou a morte do artista foi sua ex-esposa Flávia Pedra. A informação foi confirmada por meio de nota pela assessoria de imprensa do Sírio-Libanês.

Humor

Além das atividades citadas acima, Jô Soares também era pintor, roteirista, músico, mas o que ele colocava como marca pessoal em todas elas era o humor, como o próprio artista gostava de dizer. Nos últimos 25 anos, ele ganhou notoriedade por ter apresentado o talk-show mais famoso do Brasil. Na emissora da família Marinho ele comandou o "Programa do Jô", exibido de 2000 a 2016.

Pioneiro

Considerado pioneiro do stand-up comedy, ele também ganhou destaque por ter sido um dos principais comediantes do país. Jô marcou presença em atrações históricas da TV como: "A Família Trapo" (1966); "Planeta dos Homens" (1977) e "Viva o Gordo" (1981). Ele também atuou em 22 filmes.

Biografia

Nascido no Rio de Janeiro no dia 16 de janeiro de 1938, filho único da dona de casa Mercedes Leal Soares e do empresário Orlando Heitor Soares, seu nome verdadeiro era José Eugênio Soares.

Quando criança, estudou em colégio interno, experiência que ele não gostou muito. Com 12 anos de idades, foi para a Suíça estudar e por lá ficou até os 17 anos, quando passou a se interessar pelo teatro e shows. Seu plano, porém, não era seguir a carreira artística. Com o fracasso dos negócios do pai, a família Soares voltou para o Rio de Janeiro.

Naquela época o jovem José Eugênio começou a gostar da ideia de trabalhar em atividades artísticas.

Currículo

O portal IMDb lista filmes do início da carreira de Jô Soares: “Rei do movimento” (1954), “De pernas pro ar” (1956), e “Pé na tábua” (1957). Naquele início de carreira no cinema, ele se destacou como ator na chanchada “O homem do Sputnik” (1959), dirigido por Carlos Manga.

Televisão

Mas foi na televisão que o artista ganhou projeção nacional. Em 1958 ele fez sua estreia no programa "Noite de Gala" e também começou a escrever para o programa "TV Mistério", que tinha no elenco Paulo Autran e Tônia Carreiro. As atrações eram exibidas pela TV Rio, onde Jô Soares também participou do programa "Noites Cariocas".

Logo a seguir ele atuou e escreveu em programas de humor da TV Continental. Na TV Tupi, ele participou do programa "Grande Teatro Tupi". A atração contava com nomes de peso como: Aldo de Maia, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Sérgio Brito. Em 1960 ele se muda para São Paulo e começa a trabalhar na TV Record.

Em entrevista ao programa "Fantástico", da Rede Globo, Jô Soares falou sobre a época que foi para São Paulo.

Ele contou que era casado com Teresa Austregésilo –mãe de seu único filho, Rafael, autista que faleceu com apenas 50 anos–, tinha 22 anos e foi para ficar na cidade somente 12 dias, mas acabou ficando 12 anos. Nessa época ele participou de diversas atrações, como comediante e roteirista.

'A Família Trapo'

A maior atração desta época foi o programa "A Família Trapo". A atração foi exibida entre 1967 e 1971 e ia ao ar aos domingos. No começo, Jô somente escrevia o roteiro em parceria com Carlos Alberto Nóbrega, depois ele passou a ter um papel na atração, o mordomo Gordon. No elenco estava Ronald Golias, Cidinha Campos, Renata Fronzi, entre outros.

Jô saiu um ano antes do fim da atração, após assinar contrato com a Rede Globo.

Ele estreou na nova emissora em 1970 e ficou por lá 17 anos. Sua primeir atração na nova casa foi o programa "Faça Humor, Não Faça Guerra". Quando a atração chegou ao fim, Jô Soares já contabilizava 260 personagens.

Em 1973 ele participou do programa "Satiricom", que tinha um estilo parecido com o que posteriormente seria visto no programa "Casseta & Planeta Urgente". Em 1977 ele vai para o programa "Planeta dos Homens", onde também se dividiu entre atuar e escrever. A atração durou até 1982, porém Jô abandonou o programa no ano anterior para estrear o seu próprio programa, o "Viva o Gordo".

Talk-show

Quando encerrou seu contrato com a Globo em 1987, o artista foi para o SBT, onde viu com bons olhos a oportunidade de apresentar um programa de entrevistas, o "Jô Soares Onze e Meia".

No ano 2000 ele volta para a Globo, onde comandou o "Programa do Jô". A atração tinha o mesmo formato que seu talk-show no SBT. Jô contou que a troca de emissora não se deu por questões financeiras, e sim pela oportunidade que ele teria de entrevistar figuras internacionais.

Jô Soares também se destacou no teatro e na literatura, tendo escrito artigos para jornais como O Globo e Folha de S. Paulo. Ele também escreveu nas revistas Manchete e Veja. Sua carreira literária conta com cinco livros, quatro deles romances. Talvez sua obra mais conhecida seja "O Xangô de Baker Street", de 1995, que ficou nas listas de mais vendidos e em 2001 ganhou uma versão para o cinema. No teatro o artista ficou famoso por seus monólogos, que tinham como características o humor e uma crítica à situação política do país.