Estreou na Netflix na sexta-feira (27) o filme "Certas Pessoas" (You People), protagonizado por Jonah Hill e Lauren London, que tem no elenco: Eddie Murphy, Julia Louis-Dreyfus, David Duchovny, Nia Long entre outros. O roteiro da produção de 117 minutos é de Jonah Hill e Kenya Barris, a dupla também faz parte do time de produtores.

Estreia

A produção marca a estreia de Kenya Barris na direção de longas-metragens, entretanto, Barris não é um desconhecido em Hollywood, ele é um dos produtores mais importantes da Televisão estadunidense, ele é o homem por trás do sucesso da ABC “Black-ish”.

Barris também está no comando dos spin-offs do hit da ABC, “Mixed-ish” e “Grown-ish”. A última ainda em exibição nos EUA.

Novas empreitadas

Seu nome é tão respeitado no mercado estadunidense que após encerrado seu trabalho em “Certas Pessoas”, o cineasta está filmando uma nova interpretação de “O Mágico de Oz” para a Warner Bros. Discovery. Além da comédia protagonizada por Jonah Hill, Kenya Barris esteve envolvido na produção de “Entergalactic”, animação experimental que também consta do catálogo da Netflix.

Hill e Murphy

A nova comédia da Netflix tem no elenco os astros Eddie Murphy e Jonah Hill, coincidentemente, ambos estavam afastados há dois anos das telas.

Os últimos projetos da dupla foram: “Um príncipe em Nova York 2” e “Não Olhe Para Cima”, respectivamente. Por coincidência, as duas produções de 2021 também foram feitas para serviços de streaming, Amazon Prime Video e Netflix, respectivamente. Eddie Murphy estará em três longas-metragens “Candy Cane Lane”, “Triplets e “Um Tira da Pesada 4”, enquanto Jonah Hill está trabalhando na produção e roteiro de projetos que ainda não foram anunciados.

A trama

Ezra Cohen (Hill) e Amira Mohammed (London) após se conhecerem em uma situação inusitada acabam se apaixonando ao perceberem que possuem muitos gostos em comum e se encontram em momento da vida que estão abertos para um relacionamento sério. Tudo ocorre às mil maravilhas até o momento em que terão que lidar com suas famílias.

O relacionamento dois terá que sobreviver aos pais inflexíveis de Amira (Murphy e Long) e aos pais progressistas de Ezra (Dreyfus e Duchovny).

A produção de Kenya Barris bebe na fonte de “O Pai da Noiva” (2005) e “Entrando Numa Fria” (2000). E como é costume no trabalho do cineasta, o longa trata de questões dos negros estadunidenses em relação a outras culturas. Ainda que não seja exatamente um problema, este aspecto faz com que o filme ganhe um aspecto muito caseiro, ao tratar de assuntos específicos da sociedade dos Estados Unidos, ainda que o preconceito racial seja forte em qualquer lugar do mundo, um relacionamento interracial não causa tanto estranhamento para o público brasileiro, por exemplo.

Além disso, as piadas são muito focadas em elementos da cultura do país presidido por Joe Biden.

Mas como salientado anteriormente, o aspecto bairrista da produção não é um problema, o problemático mesmo é como as questões raciais são debatidas no filme. Com situações muitas das vezes forçadas e didatismo que não propõe nenhuma resposta para o tema.

O casal de protagonistas é simpático, os personagens sofrem com um roteiro errático que coloca os personagens em situações estranhas que parecem não ter tido uma resolução, o que parece ser um problema sério da montagem, como o próprio primeiro contato entre os dois pombinhos.

Abandonados

Ao longo de toda a trama, será a mãe de Ezra e o pai de Amira que irão atrapalhar a vida do casal.

Eddie Murphy convence como um homem inflexível e sem humor. Mas quem rouba todas as cenas mesmo é Julia-Louis Dreyfus. Foi uma pena o que foi feito com Nia Long e David Duchoviny que foram abandonados pela produção, eles mais parecem figurantes com fala.

Apesar de suas boas intenções, o filme acabou por escolher um tema bem complexo para ser trabalhado e não apresentou nenhuma solução para a problemática proposta. O longa transitou de maneira irregular entre questões sociais, humor ácido e comédia romântica tradicional. Por não conduzir bem suas referências, o filme perdeu muito o ritmo.