A Netflix [VIDEO] estreou recentemente o curta-metragem “A Incrível História de Henry Sugar” (The Wonderful Story of Henry Sugar), produção escrita e dirigida pelo renomado cineasta estadunidense Wes Anderson. A obra é baseada no conto homônimo do autor galês Roald Dahl (1916-1990) criador das aclamadas obras literárias que talvez sejam mais conhecidas por suas versões para a sétima arte: “A Fantástica Fábrica de Chocolates” e “Matilda”.

Polêmica

Dahl é um problemático autor racista e antissemita que junto com outros autores controversos do passado, estão ganhando releituras específicas de suas obras em que termos mais problemáticas estão sendo substituídos.

O diretor de “O Grande Hotel Budapeste” (The Grand Budapest Hotel), filme de 2014, além deste curta, também adaptou três contos desconhecidos de Roald Dahl: “O Cisne”; “O Caçador de Ratos” e “Veneno”, todos os três com 17 minutos de duração.

Mas, de volta ao curta sobre o qual se trata o presente artigo, “A Incrível História de Henry Sugar” traz no elenco: Benedict Cumberbatch no papel-título; Ralph Fiennes, que vive uma versão do escritor Roald Dahl; Ben Kingsley, interpreta o simpático senhor Imdad Khan, um dos personagens centrais da trama, além de viver outros papéis na história, coisa que o próprio Cumberbatch também faz. O filme conta ainda com Dev Patel e Richard Ayoade. Não é exagero dizer que todos os atores estão excelentes em seus papéis.

Do que se trata

A história se inicia com Roald Dahl mostrando seu local e método de trabalho para depois apresentar Henry Sugar, um endinheirado bom-vivant um tanto quanto fútil e desonesto, que está sempre disposto a manter seu alto padrão de vida utilizando para isso meios escusos. A vida do protagonista irá mudar de ponta-cabeça a partir do momento em que furta um livro e descobre a surpreendente história de Imdad Khan, um homem que desenvolveu a habilidade de enxergar sem que para isso tenha que utilizar os olhos.

Ao ler o relato da fantástica história, ele tem a ideia de aprender a técnica para trapacear em jogos de cartas. Nem que para isso ele tenha que levar anos para aprender a estranha habilidade.

A estética de Anderson dialoga perfeitamente com o texto de Dahl. A produção faz uma excelente fusão entre Cinema, literatura, teatro, quebra da quarta parede e metalinguagem.

Além da maneira ágil de contar uma história, outra marca registrada de Wes Anderson. O texto do escritor galês é colocado na boca dos personagens, que também se transformam em narradores oniscientes. O roteiro alterna de maneira brilhante entre comédia, fantasia e ainda encontra espaço para falar sobre questões metafísicas, tudo isso sem em nenhum momento correr o risco de parecer pedante.