Após ser submetida a uma cesariana, a jovem Karem Rafaela, de 17 anos está em coma irreversível em um hospital de Teresina, no Piauí. No dia 9 de setembro, Karem deu entrada na Maternidade pública do Buenos Aires, que fica localizada na capital do estado, após começar sentir dores. Na época, a jovem estava com 16 anos e o médico que fez o seu pré-natal tinha a previsão para um parto normal.

Após dois dias internada, Karem não apresentava dilatação suficiente, foi então que a equipe médica optou pela realização de uma cesariana. Nasceu então Kauan Rafael, saudável, que hoje está com quatro meses de vida.

Depois de retornar do procedimento, a jovem reclamou de fortes dores intestinais e fraqueza. Segundo a irmã de Rafaela, Ângela Silva, eles informaram que os sintomas eram normais.

Após a troca de plantão para o turno da noite, a médica responsável foi examinar a jovem e percebeu um quadro de choque hipovolêmico, quando há grande perda de sangue. Foi então que Karem foi encaminhada, ainda consciente, para a Maternidade Evangelista Rosa, que cuida de partos de risco.

Nos laudos obtidos pela família, há a indicação de que durante a cesariana uma artéria foi cortada. Na Maternidade Dona Evangelina, a adolescente passou por uma cirurgia por conta de uma hemorragia no abdômen, no local ela teve uma parada cardíaca de 30 minutos e depois foi induzida ao coma.

A parada cardíaca acabou causando um edema cerebral na garota, que foi transferida novamente, mas desta vez para o Hospital Getúlio Vargas. No HGV Karem passou por uma terceira cirurgia, dessa vez por conta do edema e logo após a operação entrou em estado vegetativo ou coma vigil, irreversível.

No início de janeiro, Karem recebeu alta do hospital, mas a família diz não ter condições de cuidar dela e por isso já realizou várias ações para arrecadar dinheiro para que eles possam montar uma mini UTI em casa.

A jovem, que agora depende de vários equipamentos para viver e comer, recebe o cuidado da mãe e da irmã, que se revezam para olhar a ela e ao menino recém-nascido.

A família entrou com um processo contra o hospital Buenos Aires, alegando negligência e pedindo uma indenização pelos danos causados à garota. Segundo a advogada Cintia Andrade, que deu entrada ao processo, o período de 12 horas que Karem ficou sem atendimento médico foi crucial para que o caso dela se agravasse.

Em nota oficial, a Fundação Municipal de Saúde disse que o caso está sendo investigado e que, segundo a diretoria do Buenos Aires, Karem deu entrada no hospital para tratamento contra uma infecção e que no terceiro dia ela começou o trabalho de parto e o quadro evoluiu para uma cesariana.

Ainda segundo a nota, a cirurgia foi feita normalmente e a jovem encaminhada para a enfermaria e depois transferida para a maternidade Evangelista Rosa. A Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) também estão investigando o caso.