Um estudo liderado pela pesquisadora Caroline Sayuri Fukushima, do Instituto Butantã, famoso centro de pesquisa biológica, em São Paulo, descobriu três novas espécies de tarântulas. A surpresa maior fica por conta das três aranhas, do gênero Aviculária, serem tarântulas gigantes comedoras de pássaros.

A existência de tarântulas comedoras de pássaros já havia sido apontada por Maria Sibylla Merian, uma naturalista nascida em 1647 famosa por ter pintado uma ilustração de uma aranha Avicularia comendo um pássaro, porém a mesma foi desacreditada na época, como disse a pesquisadora Fukushima para a Live Science por e-mail "As pessoas naquele tempo não acreditavam em suas observações, dizendo que a aranha comendo um pássaro era uma fantasia feminina.

Mas agora nós sabemos que ela estava certa!"

Em homenagem à naturalista, os pesquisadores nomearam uma das espécies descobertas com o nome dela.

Arrumando a casa

Além da descoberta das três novas espécies, o artigo publicado na ZooKeys também organizou o gênero aviculária, fazendo uma reclassificação do mesmo, diminuindo o número de espécies de mais de 50 para apenas 12, já incluindo as 3 novas descobertas. A primeira espécie de aranha Aviculária foi descoberta em 1758 por Carl Linnaeus. Em 1818, o naturalista Jean-Baptiste Lamarck descreveu a Aviculária como um gênero, incluindo 3 espécies em seu grupo. Através dos anos, outros cientistas foram adicionando novas espécies ao gênero, porém, diferentemente de outras, não havia um consenso exato do que fazia uma Tarântula ser uma Aviculária.

As aviculárias são grandes e felpudas, vivem em árvores e se alimentam de tudo, de insetos à morcegos e pássaros pequenos. A maioria das espécies Aviculárias crescem por volta de 12 a 15 centímetros de comprimento, e muitas delas são animais de estimação populares entre os entusiastas de tarântulas. Em alguns países tarântulas são utilizadas como alimentos.

"A Razão de fazer esse trabalho foi a necessidade de resolver os muitos problemas do gênero (que estavam causando confusão em outros gêneros também), mas também a chance de fazer algo difícil, grande, importante e novo sobre a taxonomia das tarântulas", escreveu Fukushima.

Os pesquisadores levaram anos para resolver a questão e desemaranhar a bagunça no gênero.

Eles pesquisaram por espécies antigas em museus através do mundo comparando as características anatômicas dessas espécies antigas com as aranhas modernas. Para que se fosse possível organizar o gênero das Aviculárias, foi necessária a criação de 3 novos gêneros de aranha. Criaram o gênero Ybyrapora, para algumas aranhas brasileiras que moram em árvores de florestas tropicais, moveram duas espécies caribenhas, que antes estavam no gênero Aviculária, para um novo gênero chamado Caribena e criaram um novo gênero chamado Antillena, para uma tarântula identificada como Aviculária Rickwesti, em 2003, na República Dominicana.

Os pesquisadores nomearam as 3 novas espécies de aranha no gênero Aviculária como A. caei, encontrada apenas no Brasil, A. lynnae, que pode ser encontrada no Equador e no Peru e a A. merianae, encontrada apenas no Peru, que foi nomeada em homenagem à naturalista Merian.