Ao que tudo indica, o El Niño de 2015 será mesmo semelhante ao mais forte já registrado até o momento, ocorrido no ano de 1997. O alerta foi emitido pelo Bureau of Meteorology, da Austrália, pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) e pela NASA, ambas institutos dos Estados Unidos. De fato, 4 em cada 5 modelos climáticos internacionais sugerem que o El Niño deva durar pelo menos até o final do ano, antes de começar a diminuir, o que deve acontecer no primeiro trimestre de 2016.

Alterações climáticas já são visíveis e sentidas

El Niño é um fenômeno natural que acontece a certos intervalos de tempo, geralmente entre 2 e 7 anos, quando a água no centro e no leste do Oceano Pacífico esquenta entre 2 e 3 graus Celsius a mais do que o normal, o que produz alterações climáticas em todo o planeta.

Por exemplo, podem ocorrer secas ou longos períodos de precipitação anormalmente baixa no norte e nordeste brasileiros, o que pode acarretar em incêndios florestais ou inundações e intensos temporais no sul, como vem acontecendo ultimamente. Um fato curioso é que na Europa, em anos em que o El Niño se torna mais forte, ao invés do calor que se faz presente em outras partes do mundo, ocorrem invernos mais frios do que o normal, especialmente no leste do continente.

Tecnologia usada para entender o fenômeno

Nos últimos 20 anos, 19 satélites de observação climática foram lançados pela NASA, e os cientistas têm adquirido uma quantidade enorme de dados para entenderem os mecanismos que causam o fenômeno do El Niño, e seu impacto em todo o mundo.

"El Niño é um fenômeno fascinante, porque tem estes amplos e diversificados impactos. O fato de que os incêndios na Indonésia estão relacionados com padrões de circulação que influenciam a precipitação (chuva) sobre os Estados Unidos mostra quão complexo e interligado o sistema (meteorológico) da Terra é", disse a meteorologista Lesley E.

Ott, do Goddard Space Flight Center, da NASA, em Maryland.

Com a tecnologia espacial de hoje, os cientistas estão melhor equipados para analisar o El Niño do que em todos os anos anteriores. Os satélites da NASA analisam e captam dados, por exemplo, sobre a temperatura dos oceanos, correntes marítimas e ventos atmosféricos, entre outros. São informações muito valiosas, pois podem fornecer avisos de enchentes mais precisos, além de ajudar as indústrias de agricultura e de pesca a evitar perdas significativas.