Na noite de domingo (5), foi veiculada em rede nacional pelo SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) a participação do presidente Jair Bolsonaro no Programa Silvio Santos. A gravação do quadro midiático ocorreu na última quinta-feira (2), e o diálogo mantido entre o empresário que empresta seu nome à atração dominical e o chefe do Poder Executivo durou cerca de 30 minutos.
A conversa transcorreu em um clima descontraído e vários temas foram abordados, incluindo desde a exibição da parte de um show protagonizado pelo humorista Sérgio Mallandro no qual Bolsonaro estava presente e subiu ao palco (fato ocorrido antes que o político se tornasse presidente) e passando a assuntos mais sérios, como as principais medidas que o atual governo está tomando nestes cinco primeiros meses de atuação.
De início, Silvio Santos fez perguntas de cunho pessoal, como por exemplo, sobre a idade de Bolsonaro, seu signo, a hora em que acorda e a respeito dos filhos. Quando soube que o presidente possui com a primeira-dama Michelle uma filha de apenas oito anos chamada Laura, o apresentador indagou se já haviam confundido o mandatário com o avô da menina ao invés de pai dela. Em tom de brincadeira, Bolsonaro respondeu que sim, e acrescentou que aquela era uma prova de que ele ainda "está na ativa" e que não precisa de "aditivos" (referindo-se a fármacos que combatem impotência sexual masculina), ao que Silvio retrucou ironicamente: "Ah vá, deixa de conversa fiada, não vem contar mentira aqui".
Assuntos importantes e destaque à reforma da Previdência
Conforme a entrevista evoluiu, Silvio Santos passou a abordar tópicos mais sérios, tais como a facada que Bolsonaro sofreu na cidade de Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral de 2018, que quase lhe custou a vida.
Além disso, outras questões abordadas incluíram o fim da implementação anual do horário de verão, a qualidade da saúde pública nacional e a posse de armas por parte da população – único ponto em que houve uma discordância cordial entre o presidente e o apresentador, para o qual a flexibilização proposta por Bolsonaro transformaria o Brasil em "um faroeste" devido às leis brandas que vigoram no país.
Em contraponto, o chefe do Executivo argumentou que, se aprovado, o pacote Anticrime proposto pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, endurecerá a punição para os crimes considerados graves (tais como roubo), e dificultará a assim chamada "progressão de pena" dos condenados. Por outro lado, Silvio Santos acabou admitindo que se possuísse armamento legal em casa e ouvisse algum barulho suspeito fora de sua residência, pegaria a arma para se defender de uma possível agressão.
Entretanto, o assunto que mais se destacou durante a entrevista foi a reforma da Previdência – mais por insistência do próprio Silvio Santos no tema do que pelo presidente.
O apresentador e dono do SBT fez questão de explicar de uma forma simples para sua audiência sobre a importância de se fazer esta alteração nas regras de aposentadoria civil, que se não for levada a cabo, resultará em consequências bastante prejudiciais para o equilíbrio das contas públicas (segundo Bolsonaro, o governo gasta atualmente R$ 750 bilhões por ano no pagamento do benefício) e da economia, tais como inflação descontrolada – como havia nas décadas de 1980 e 1990 –, diminuição do valor da moeda nacional e o consequente afastamento de empresas estrangeiras, que não enxergariam o Brasil como uma forma de investimento que lhes traria bons retornos.
Sobre estas questões, Silvio Santos afirmou: "A Previdência é importante – não é porque o presidente está aqui [no programa] ou não (...). Não tem saída: se não tiver Previdência vai ter inflação, e tendo inflação nosso dinheiro vai valer menos (...)".
Assista à entrevista completa: