Na última sexta-feira (10) o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi aos Estados Unidos participar da IX Cúpula das Américas em Los Angeles. O mandatário saiu em defesa da política ambiental adotada em seu governo e declarou que está havendo uma “busca incansável” pelo indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips que estão desaparecidos desde o último domingo (5) na Amazônia.

O portal G1, por meio da agência de checagem de fatos, Fato ou Fake, analisou as declarações do mandatário brasileiro no evento.

Meio ambiente

Segundo o mandatário, o Brasil é uma das nações que mais se preocupam e preservam o meio ambiente.

A Fato ou Fake então comprovou por meio de dados oficiais de instituições do próprio governo federal que não é bem assim. A agência mostrou que nos últimos anos o Brasil vem batendo recordes de desmatamento.

A parte brasileira da Amazônia teve 2.287 focos de incêndios em suas floresta no mês de maio, o maior número registrado para este mês em 18 anos. Os dados são do Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real) o sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Ane Alencar, a diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), disse que ainda que o Brasil tenha muita floresta, se trata de um país com altas taxas de desmatamento. Alencar declarou que o Brasil é o país que mais desmata florestas em todo o planeta.

Desaparecimento

Sobre o desaparecimento do jornalista da Inglaterra Dom Phillips e o indigenista do Brasil Bruno Pereira, Bolsonaro declarou que desde as primeiras horas do domingo que tanto as Forças Armadas quanto a Polícia Federal (PF) têm se dedicado incansavelmente para localizar a dupla.

A declaração não é verdadeira, pois a PF e as Forças Armadas não iniciaram as buscas no domingo, o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a criticar o país e fez com que a Justiça Federal determinasse que o governo Bolsonaro reforçasse as buscas, no que a Justiça classificou como “omissão da União”.

Passado um dia depois do desaparecimento, o Comando Militar da Amazônia (CMA) do Exército ainda não havia dado inicio às buscas. Na segunda-feira (6), o CMA enviou comunicado à imprensa em que dizia que as buscas iriam começar assim que eles fossem acionados por instâncias superiores.

Lentidão

Também na segunda-feira, foi preciso que o Ministério Público Federal (MPF) acionasse a PF, a Polícia Civil, a Marinha, a Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari e a Força Nacional para também participarem das buscas.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos considerou a resposta do governo Bolsonaro “extremamente lenta”.

Na última quarta-feira (8), a Justiça Federal determinou que a União providenciasse reforços nas buscas e que fosse providenciada a utilização de helicópteros e outros equipamentos que fossem necessários para a busca. A decisão atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União, na última segunda-feira. Na sexta-feira (10), Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo federal tomasse todas as providências para a localização do jornalista e do indigenista.