A transposição do rio São Francisco,a maior obra hídrica do Brasil, chegou em março deste ano a 81% de seu andamento. Um dos mais importantes cursos d'água da América do Sul e cuja extensão se dá por 5 estados, o rio São Francisco está tendo parte de seu curso desviado para regiões do sertão brasileiro, no intento de melhorar as condições de vida da população local e viabilizar a produção agrícola da região. Na previsão do Ministério da Integração Nacional, a obra, cuja intenção é beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas, será finalizada até o início de 2017.
A transposição, analisada pela sua divisão estrutural, já completou 82,2% no eixo norte e 79,2% no eixo leste. No total, mais de 10 mil pessoas estão trabalhando na obra.
TRANSPOSIÇÃO JÁ FUNCIONA EM ALGUMAS REGIÕES
Embora pouco divulgada pelos meios de comunicação, a integração do Rio São Francisco já opera em algumas regiões. Em agosto de 2015, iniciou-se o funcionamento no interior de Pernambuco, por meio da Estação de Bombeamento 1 (EB1), em Cabrobó. O canal da transposição local chega até a Barragem de Tucutu, localizada no eixo norte do empreendimento.Também em 2015, um trecho do Canal do Sertão,que passa pelas cidades de Olho d'Água do Casado, Inhapi, Senador Rui Palmeira e Água Branca, todas em Alagoas,foi inaugurado pela presidente Dilma Roussef.
HISTÓRICO
A ideia de transpor o Rio São Francisco para as regiões mais afetadas pela seca surgiu com Dom Pedro II, em 1847. Por mais que o tema fosse discutido entre intelectuais da época, somente foi politicamente retomado por Getúlio Vargas em seu Estado Novo (1937-1945). O primeiro projeto com consistência teórica, jamais concretizado, surgiu na Ditadura Militar, com Figueiredo (1979-1985), após uma das mais violentas secas da história brasileira.
Itamar Franco (1992-1994) propôs um decreto ao Senado Federal que ampliaria os estudos do potencial da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, mas não apresentou nenhum projeto sobre o tema. Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), por sua vez, assinou o documento "Compromisso pela Vida do São Francisco", propondo a construção de canais de transposição.
A sua ideia, não obstante, nunca saiu do papel.
O projeto só se tornou realidade no governo Lula (2003-2010), com aaprovação, em 2004, do Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia do São Francisco. Em julho de 2007, após longos debates entre entidades ambientais e o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a obra detransposição teve início.