A Ford comunicou nesta terça-feira (19) o fechamento de sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e o encerramento da produção de alguns modelos de caminhões e do Ford Fiesta, o que pode gerar um efeito cascata e provocar até mesmo o fechamento de 24 mil postos de trabalho, de acordo com números apresentados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A decisão pegou a todos de surpresa.

A justificativa dada pelos executivos da montadora é que a medida faz parte de um plano global da empresa e foi classificada como um importante marco para o retorno de sua lucratividade sustentável na América do Sul. A Ford comunicou ainda que a decisão foi tomada após meses de busca por alternativas, chegando a se cogitar venda de operações e parceiras, mas o crescente custo com itens regulatórios, além do grande volume de investimentos para que as necessidades do mercado fossem atingidas tornaram as operações inviáveis.

A decisão, segundo a montadora norte-americana, não irá afetar a fábrica de Camaçari, na Bahia, onde são fabricados os modelos Ka e EcoSport, e também a unidade de Taubaté (SP), onde são produzidos os motores.

Também não está nos planos o remanejamento de funcionários que trabalhavam em São Bernardo, em torno de três mil, para estas unidades.

Efeito cascata

Além dos funcionários da empresa, que seriam diretamente afetados, mais de 20 mil empregos indiretos também podem ser extintos, de acordo com o Sindicado dos Metalúrgicos. Isso se dá pelo fato de distribuidores e fornecedores correrem o risco de quebrar em função de não terem como substituir a demanda que vinha da montadora.

Custo da saída

Para encerrar suas atividades no ABC a Ford terá um custo estimado de US$ 460 milhões, algo em torno de R$ 1,7 bilhão pela cotação atual. Desse montante, R$ 360 milhões serão usados para compensar funcionários demitidos, além de fornecedores e concessionárias.

Há ainda a depreciação acelerada e amortização de ativos fixos, que seriam a perda de valor de instalações e máquinas, que deixarão de ser utilizados. Isso deve consumir outros R$ 100 milhões.

Com o fechamento da unidade do ABC paulista, a empresa visa reduzir em mais de 20% os gastos com funcionários em toda a América do Sul. Questionada sobre quantos funcionários seriam demitidos, a empresa não apontou um número exato, se limitando a dizer que seriam números significativos.