A escola estadual Raul Brasil, localizada na cidade de Suzano (SP), viveu, por volta das 9h40 da manhã de 13 de março, uma situação de horror: dois atiradores com os rostos cobertos por capuzes adentraram o seu perímetro e dispararam contra o corpo docente e discente. Os disparos aparentavam não possuir critérios ou alvos: aconteceram inadvertidamente e vitimaram 5 estudantes e duas funcionária, sendo seguidos do suicídio dos autores do crime.

Jovem liga para se despedir da família

Uma jovem de 17 anos, ao perceber a situação, correu em direção aos banheiros para se esconder e ligou para a família.

Pensando que não conseguiria sobreviver à situação, ela, que preferiu não ser identificada, se despediu de seus pais – comportamento que, segundo a jovem, se tornou comum entre os estudantes da Raul Brasil. Foi relatado por ela que, como nenhuma autoridade chegava para conter a situação, durante a ligação, ela pediu a seus pais que entrassem em contato com a polícia.

Em entrevista ao jornal O Globo, a estudante também destacou que aquele tratava-se de mais um dia normal na unidade escolar em questão até o momento do tiroteio. Desse modo, os alunos tiveram as suas aulas e, durante o período de intervalo, no qual as salas de aula se encontravam trancadas, foi ouvido o primeiro disparo, que veio seguido de mais dois, responsáveis por fazer com que os presentes no local compreendessem o que estava acontecendo.

Somente então as pessoas começaram a procurar esconderijos, enquanto os disparos seguiam. Os alunos que conseguiram se esconder, com medo de que a polícia tratasse as suas ligações como uma brincadeira de mal gosto, pediram a amigos e familiares, através do WhatsApp, que também ligassem e reafirmassem o que estava acontecendo para que o socorro chegasse ao local.

A adolescente em questão também abordou questões relacionadas a uma das vítimas, Cleiton Antônio Ribeiro, um rapaz de 17 anos que frequentava as aulas na mesma sala que ela. Descrito pela jovem como um rapaz tímido e calado, Cleiton, ao se deparar com os atiradores, apenas levantou as mãos e, então, acabou sendo baleado duas vezes.

Devido a características da personalidade da vítima, a jovem suspeita que os atiradores não tenham entrado no local com alvos pré-determinados, mas somente com o objetivo de atingir o maior número de pessoas possível, de maneira aleatória. Ela também aponta que, possivelmente, os algozes conheciam bem o horário de funcionamento da escola, uma vez que começaram os disparos apenas dez minutos depois do início do horário de intervalo.

Depois de toda a situação decorrida e mesmo com a chegada da polícia, a aluna relata que o sentimento coletivo ainda era o de medo, de modo que ela se afastou do local em companhia dos seus pais e não conseguia se acalmar devido aos horrores presenciados momentos antes.