Jean Wyllys, que no dia 24 de Janeiro anunciou que renunciaria ao seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados de Brasília após receber várias ameaças de morte através de telefonemas, redes sociais e e-mail, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro o transformou em inimigo. O político contou que, em janeiro, quando deixou seu cargo, onde era um deputado abertamente homossexual e que lutava pelas minorias, recebeu inúmeras ameaças desde a eleição do atual presidente.
O caso vem desde uma briga protagonizada pelos parlamentares em 2016, enquanto ocorriam os debates a respeito do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
O episódio teve destaque na mídia a partir do momento em que Jean cuspiu no rosto do então deputado Jair Bolsonaro, após ter feito homenagens e elogios ao torturador da ditadura, Brilhante Ustra.
Agora com Bolsonaro como atual presidente e conhecido por suas declarações homofóbicas, a situação se agravou e Jean passou a ter as ameaças intensificadas. Ele afirma que o Governo teria realizado uma espécie de 'campanha difamatória', onde eram divulgadas inúmeras notícias falsas e calúnias. Jean ainda afirma, em entrevista à AFP em Paris, que Bolsonaro o transformou em um inimigo pessoal e não um adversário político.
Jean fala sobre a democracia do Brasil
O político ainda discorreu a respeito da situação democrática do país e relatou que, após o assassinato da vereadora Marielle Franco, sua decisão de deixar o país ficou maior ainda.
Ele teria se sentido em situação de risco e um possível próximo alvo. Jean ainda conta que sua situação no país era de escolta durante 24 horas por dia, que vivia apenas da Câmara para casa e sempre acompanhado de escolta, e sentia como se estivesse em cárcere privado.
O ex-deputado, desde que deixou o país, estaria vivendo entre Berlim e Barcelona, com medo de relatar publicamente onde estaria residindo.
Agora, conta que a escolha de se fixar em Berlim se deu a partir do momento em que foi chamado para fazer parte da fundação Rosa Luxemburgo e também da Open Society Foudation, onde foi convidado aa seguir com um doutorado.
Ele ainda não sabe quanto tempo mais permanecerá na Europa e revela que, como ainda teme por sua vida, não se sente preparado para voltar ao Brasil.
Jean promete que continuará fazendo política e oposição ao atual presidente do Brasil e espera que, com as recentes revelações e descobertas a respeito do assassinato de Marielle Franco, os brasileiros que elegeram o atual presidente estejam atentos, já que acredita que a democracia brasileira está em risco.