Jefferson Dionísio, um jovem de 24 anos, morador da preferia de São Vicente, em São Paulo, conquistou uma vaga no doutorado em Filosofia em uma universidade no Chile. O jovem catou papelão nas ruas para conseguir pagar as passagens de ônibus necessárias para frequentar as aulas durante a sua graduação.

Em entrevista ao Portal G1, Jefferson contou que ele é a primeira pessoa de sua família a conseguir ingressar em uma universidade.

O rapaz, que cresceu em um bairro da Área Continental, sempre foi aluno de escolas da rede pública de ensino. Na adolescência, Jefferson trabalhava na prefeitura de São Vicente, por meio do Camps (Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social). Aos 18 anos, ele conseguiu uma vaga em uma faculdade para cursar Filosofia.

Porém, as dificuldades para se manter no curso eram constantes. O rapaz conta que recebia R$ 668 por seu trabalho na Prefeitura e o curso de Filosofia, por sua vez, custava R$ 660 mensais, comprometendo todo o seu salário. Jefferson relata que, devido às dificuldades financeiras, chegou a trancar a matrícula, retornando à faculdade somente um ano depois e, na ocasião, ficou desempregado.

Durante o segundo ano de faculdade, o rapaz conquistou uma bolsa pelo ProUni (Programa Universidade Para Todos). Apesar da bolsa, porém, ele ainda precisava encontrar uma maneira de quitar a dívida de R$ 5 mil em virtude das mensalidades atrasadas, ocasionadas pelo desemprego. Jefferson descreve esse período como "constrangedor". Foi nessa época que o jovem começou a catar papelão na rua para conseguir estudar.

Amigos ajudaram a quitar dívidas

Ao saber da situação, os amigos de Jefferson se sensibilizaram e decidiram ajudá-lo. Foi feita uma vaquinha, cujo objetivo era quitar a dívida do jovem com a faculdade.

Após a sua formatura, Jefferson começou a atuar como professor em escolas públicas. Entretanto, devido ao seu bom desempenho durante a faculdade, alguns professores sugeriram que ele tentasse um mestrado fora do país.

O jovem viajou de ônibus para o Chile com o intuito de conhecer as universidades e solicitou vagas em programas de mestrado e doutorado.

A boa notícia veio no final de 2018: Jefferson havia sido aprovado no doutorado. Atualmente, o jovem mora no Chile e cursa o doutorado em filosofia, com previsão de conclusão para 2023. De acordo com Jefferson, ele ainda não sabe se retornará ao Brasil ou permanecerá no país. Para o rapaz, por agora, o que importa é concluir o curso e agradecer a todas as pessoas que acreditaram nele durante os períodos difíceis de sua vida.