A viúva do homem que foi fuzilado por militares do Exército neste domingo (7), Luciana Nogueira, precisou ir ao IML (Instituto Médico Legal) para reconhecer o corpo do marido. Depois disso, a mulher falou com a imprensa no local.

Muito emocionada e com dificuldade para falar, Luciana contou que o filho também estava no carro e viu toda a cena. Ela disse que o menino pediu por uma foto do pai, mas ela respondeu que ele estava no hospital. Inconformada, a mulher questionou o motivo do quartel ter feito aquilo e ainda revelou que vizinhos tentaram ajudar, mas os militares continuaram atirando.

Ela disse que pediu para um dos oficiais ajudarem o seu marido, porém, eles não prestaram socorro e debocharam da mulher. "Ficaram de deboche", disse a mulher.

'Ficaram de deboche', revela

Segundo Luciana, a família seguia para um chá de bebê e optou por passar pelo caminho do quartel, por se sentirem mais seguros em uma zona militar. A mulher relembra que chegou a dizer que o local era calmo e que se sentia protegida.

A viúva de Evaldo dos Santos ainda falou sobre o marido, que trabalhava como músico e segurança. Conforme Luciana relata, os dois estavam juntos há 27 anos, e o homem era caseiro e trabalhador, além de bom marido.

Na patrulha que foi responsável pelo homicídio estavam doze militares.

Destes doze, dez já foram presos logo depois de prestarem esclarecimentos sobre o caso. O fuzilamento será investigado pela Justiça Militar.

Segundo a Polícia Civil, os militares provavelmente confundiram o carro da família com um carro de assaltantes. Um homem havia prestado queixa de assaltantes que estavam dentro de um automóvel com características parecidas com o carro do casal.

Segundo ele, cinco homens que estavam dentro de um sedã branco o assaltaram meia hora antes do carro de Evaldo ser fuzilado.

Militares fuzilam um carro com mais de 80 disparos

Evaldo dos Santos, que tinha 51 anos, foi atingido por disparos feitos por militares neste domingo (7). Além dele, o seu sogro, que estava no veículo, foi baleado, mas o quadro é estável.

Dentro do carro estavam Evaldo, a esposa, o sogro, o filho de sete anos de idade e uma amiga da família. Um pedestre que passava pelo local foi tentar ajudar, mas também ficou ferido.

Segundo a amiga da família, que estava no carro, os militares não fizeram nenhuma sinalização para que o veículo parasse. Ao contrário, eles continuaram atirando mesmo quando a esposa de Evaldo, a amiga e o filho saíram do carro. A mulher ainda afirmou que não havia sinais de blitz ou de arrastão e que a família ainda está sem entender o que aconteceu.