Na tarde desta quinta-feira (27), o Instituto Geral de Perícias divulgou um laudo onde revela qual substância foi usada no ataque a cinco pessoas nos últimos dias em Porto Alegre. De acordo com o documento o agressor usou ácido sulfúrico nos ataques. Quatro mulheres e um adolescente de 17 anos foram vítimas dos atos de violência ocorridos entre os dia 19 e 21 de junho, na Zona Sul de Porto Alegre.

Para chegar a essa conclusão foram analisas as peças de roupas que as cinco vítimas usavam quando foram atacadas e todas elas apresentaram a mesma substância.

Luciano Coelho, um dos responsáveis por cuidar do caso, disse que quanto mais pura for a substância mais forte é o seu efeito.

Apesar ter uso controlado pela Polícia Federal, Daniel Scolmeister, diretor do Departamento de Perícias Laboratoriais do IGP, afirma que qualquer pessoa pode comprar a substância pela internet ou ainda ter acesso a ela através de equipamentos que usam o produto para poder funcionar. Ele também é usado na fabricação de fertilizantes e no refino de petróleo.

Scolmeister explica que em contato com a pele o ácido sulfúrico causa um alto poder de desidratação, seguido de um processo de carbonização, que deixa a pela na cor amarronzada e ela pode até necrosar. Em caso de contato com a substância a pessoa deve lavar o local com água de 10 e 15 minutos e se uma roupa for atingida, ela deve ser retirada do corpo rapidamente.

Vítimas falam sobre o ataque sofrido

O primeiro ataque aconteceu no final da noite de 19 de junho na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai, quando um rapaz em uma bicicleta usou uma garrafa pet para jogar o líquido em uma mulher.

Em entrevista ao portal G1, Bruna Machado Maia, de 27 anos, disse que se desesperou na hora e que teve a impressão que seu rosto ia cair.

Ela disse que um rapaz jovem e magro, com um capuz na cabeça se aproximou e gritou “olha a água”. Por instinto ela conseguiu proteger os olhos, mas o líquido pegou em seu rosto. “Quando eu olhei meu casaco eu me desesperei”, disse a mulher. “Achei que tinha caído meu rosto, já tinha me queimado”, lembra.

Dois dias depois, duas pessoas foram atacadas no mesmo local, mas dessa vez o agressor estava em um carro branco.

No mesmo dia, outros dois ataques foram registrados no bairro Aberta dos Morros. Gladis Nievinski, de 48 anos, estava indo para o trabalho quando foi atacada na sexta-feira.

Ela disse que viu um carro branco se aproximar e em seguida percebeu que o líquido havia sido jogado nela. Ao passar a mão, sentiu que ela começou a arder. Ao procurar atendimento médico ela descobriu que não era a única vítima do agressor. Ela sofreu queimaduras de terceiro grau e por isso teve que se afastar do trabalho.