A família de um rapaz morto durante uma operação policial ocorrida nesta segunda-feira (12) em uma comunidade de Niterói, no Rio de Janeiro, contesta a versão da Polícia de que ele estava carregando drogas e dizem que ele apenas portava um par de chuteiras na mochila.

O jogador de futebol da base do América, Dyogo Costa Xavier de Brito, de 16 anos, foi um dos mortos na operação. O jovem estava a caminho do treino quando foi atingido nas costas por uma bala perdida. Ele ainda chegou a ser socorrido pelo avô, que é motorista de ônibus e passava pelo local, mas deu entrada sem vida no hospital.

“Eu peguei ele no hospital quando ele nasceu e agora peguei ele no colo quando ele morreu”, disse Cristóvão Xavier de Brito, que afirmou ainda que o jovem foi morto após o término da operação policial.

O avô ainda desmentiu a informação que foi passada por um policial de que o neto era traficante e disse que ele carregava na mochila o par de chuteiras que usava para treinar, além de 85 reais em dinheiro, que desapareceram. "Não precisavam ter matado meu garoto", disse o motorista. “Era só abordar e ver que a bolsa do Dyogo carregava a chuteira e o dinheiro da passagem”, seguiu.

O tio de Dyogo, Mauro Francisco, de 47 anos, que também é motorista de ônibus, cobrou do governador Wilson Witzel a expulsão dos policiais da corporação.

“Esses policiais, covardemente, mataram meu sobrinho. Eles tinham que tirar a farda e entregar ao governo”, disse.

Moradores da comunidade fizeram um protesto no final da tarde de segunda-feira (12) quando outro jovem, identificado como Renan da Silva Reis, ficou ferido após levar um tiro. Ele foi levado para o hospital e recebeu alta pouco depois.

Um ônibus foi queimado na avenida Presidente Roosevelt e, de acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas.

Outros quatro mortos

No intervalo de 80 horas, além de Dyogo, outros quatro jovens também morreram no Rio de Janeiro por conta de troca de tiros.

Ainda na sexta-feira (9), Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, esperava um ônibus em um ponto localizado na Rua Conde de Bonfim, uma das mais movimentadas da Tijuca, quando teve início uma troca de tiros e ele acabou sendo atingido no peito.

Horas mais tarde, Lucas Monteiro dos Santos Costa e Tiago Freitas, ambos de 21 anos, participavam de uma festa quando homens invadiram a casa em busca de um suposto ladrão, que acabou sendo baleado. No entanto, Lucas e Tiago também foram atingidos e morreram.

Já na segunda-feira (12), Henrico de Jesus Viegas de Menezes Júnior, de 19 anos, havia ido até a Comunidade de Terra Nova buscar sua moto que estava no mecânico. Ele chegou no local quando se iniciou uma troca de tiros e ele foi atingido na cabeça e também morreu.