Eduardo Lopes Freitas, um garotinho trans do interior de São Paulo, recentemente deu uma entrevista ao Universa, da UOL, a respeito da ocasião em que foi até o Poupatempo de Pindamonhangaba, a sua cidade natal, para colocar o seu nome social em seu RG. Ainda que estivesse envergonhado durante a sua conversa com o Universa, Eduardo não mostrava hesitação ao falar sobre o assunto.
No dia 18 de julho, Eduardo completou oito anos de idade. Na ocasião que marcou o seu aniversário, ele ainda usava o seu nome de batismo, Maria Eduarda. Entretanto, ainda nesse mesmo mês, o garoto conseguiu a alteração em seus documentos e agora pode ser identificado por seu nome masculino.
Esse era um pedido que o garotinho fazia a seus pais há anos. Ao falar a respeito da escolha do novo nome, o menino afirmou que escolheu Eduardo por ser parecido com o nome que possuía antes.
Durante a conversa com o Universa, Eduardo esteve o tempo todo ao lado de sua mãe, Regina Helena Lopes, que atua como funcionária pública. Quando questionado sobre o período em que era chamado por um nome feminino, o menino afirmou que não gostava e destacou as idas ao médico, que o faziam sentir desconfortável não por potenciais remédios, mas pelo nome que o profissional usava para se referir a ele.
De acordo com Regina, os cabelos de Eduardo estão cada vez mais curtos e isso foi feito a pedido do próprio menino.
A mãe também destacou que muito antes do pedido de mudança de nome já observava os gostos de seu filho, que sempre ofereceu resistência a temáticas femininas em suas festas de aniversário.
Regina destacou que enquanto ela queria fazer uma festa com temática de princesas, Eduardo sempre preferia os super-heróis. Além disso, o menino apresentava forte rejeição por vestidos desde os cinco anos de idade, chegando a chorar quando os pais lhe faziam vestir um.
Para Regina, tudo isso fez com que ela fosse percebendo a verdade sobre o filho e, a partir dessa percepção, ela e seu marido tomaram a decisão de deixar Eduardo agir como quisesse.
Bem corajoso
Após perceberem que Eduardo era um menino trans, os pais dele passaram a deixar que ele escolhesse as roupas e acessórios masculinos que desejavam e também o encaminharam para uma psicóloga.
Regina destaca como um ponto fundamental para a mudança do filho a ocasião em que a família deixou de viver em uma casa para viver em um condomínio fechado. Essa mudança aconteceu há dois anos e, para a mãe de Eduardo, foi quando ele passou a se abrir mais. Para a mãe, tudo isso pode estar a associado à maior liberdade proporcionada pelo local, que permite brincadeiras ao ar livre.
Para os pais de Eduardo, o seu filho é alguém bem corajoso, visto que ele conseguiu encontrar uma maneira de falar como realmente se sente e também de se impor no mundo, ainda que tenha pouca idade.