Na última quinta-feira (21), a juíza Sueli Zeraik concedeu uma liminar proibido a publicação de um livro sobre Suzane von Richthofen, responsável por um dos crimes de maior notoriedade do Brasil.

A decisão de Zeraik aconteceu em caráter provisório e representa uma reversão em relação a outro processo relacionado à obra literária. Apesar disso, o autor do livro e a editora afirmaram que pretendem recorrer para reverter a decisão em questão.

A publicação de Suzane – Assassina e Manipuladora, de Ulisses Campbell , estava prevista para o ano de 2020.

A obra seria lançada pela editora Matrix. Em termos de enredo, destaca-se que o livro retrataria a história do crime, desde o planejamento até a execução, realizada pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, respectivamente, namorado e cunhado de Suzane na época dos assassinatos. Os dois ainda cumprem pena pelo crime.

A liminar que impede a publicação da obra está sendo mantida sob sigilo. Entretanto, de acordo com informações do site G1, a juíza afirmou que a obra fornecia detalhes a respeito da vida de Suzane e que Ulisses Campbell pontuou que teve acesso a pessoas próximas à presa, como agentes penitenciários e psicólogos. Além disso, a magistrada destacou que a obra analisa o processo von Ritchthofen, que foi colocado sob sigilo ainda em 2016.

De acordo com a juíza, a publicação configura sensacionalismo e contribui para que Suzane seja execrada publicamente. Isso dificultará para que ela consiga se ressocializar após deixar a penitenciária de Tremembé. Desde o ano de 2017, a detenta busca meios de conseguir cumprir o restante de sua pena em liberdade.

A limiar de Sueli Zeraik ainda pontua que o acesso conseguido por Campbell aos registros capazes de sustentar a veracidade presente no livro não são legítimos.

Isso se deve ao fato de que não existem quaisquer provas de que o autor do livro tenha se encontrado ou conversado com pessoas ligadas ao presídio em que Suzane cumpre pena. Além disso, o ato seria proibido pela lei. Entretanto, tais afirmações estão sendo contestadas pelo autor e pela editora responsável pela obra.

Por fim, para Zeraik, não existe qualquer tipo de interesse por parte do público nesse caso e a publicação serviria somente para causar danos a Suzane.

A própria detenta se recusou a conceder uma entrevista a Ulisses Campbell.

Declaração da editora

De acordo com informações fornecidas pelo dono da editora Matrix ao G1, a empresa tentará reverter a decisão judicial. Paulo Tadeu, o dono da editora, destacou que tem respeito pelo trabalho da magistrada, mas pontuou que ela ainda não leu o livro, de forma que as suas afirmações não correspondem à verdade. Tadeu ainda destacou que a apuração de fatos feita por Campbell é excelente e não possui qualquer caráter ilegal.