O estudante do curso de Ciências Sociais denunciado por racismo contra uma professora nesta semana havia tentado entrar na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), entidade onde ocorreram os fatos, por meio do sistema de cotas raciais. A informação foi passada ao portal G1 por meio da assessoria da universidade.

Segundo URFB, Danilo Araújo de Góis havia solicitado o pedido, que foi indeferido, durante o vestibular realizado no ano passado. Ele acabou entrando na instituição através das vagas residuais, modalidade a qual existe ampla concorrência.

A professora registrou o caso na delegacia de Cachoeira, onde relatou que o estudante se recusou a pegar a prova de sua mão pelo fato dela ser negra.

Góis também compareceu à delegacia, mas para prestar boletim de ocorrência contra os colegas. Ele alegou que não teve a chance de se explicar e que foi chamado de racista. Após fazer o BO, o estudante foi liberado.

Entenda o caso

O caso de racismo contra a professora Isabel Cristina Ferreira dos Reis aconteceu na última segunda-feira (9), momentos antes da aplicação de uma prova, e foi registrado por outro aluno através de um telefone celular.

Isabel entregava as folhas para aplicação da prova, quando Góis se recusou a receber o papel das mãos dela.

Uma coordenadora entra na sala e a professora tenta novamente entregar a prova para o estudante, mas recebe nova negativa.

As imagens feitas pelo celular registraram também a coordenadora dizendo que a professora tem o direito de seguir no local sem a presença do aluno. A docente responde que não tem condição de aplicar a prova para o estudante, que é convidado pela coordenadora a se retirar da sala.

A coordenadora disse ainda que convocaria os demais alunos para servirem de testemunha.

A professora concedeu entrevista ao portal G1 onde contou que era a primeira vez que aplicava uma prova para Góis. Ela leciona História do Brasil no Século XIX, uma das matérias optativas escolhidas pelo estudante.

A docente citou ainda a revelação de alguns alunos, que relataram que o estudante não gostava de se encostar em pessoas homossexuais e negras.

Ele também se recusava a pegar coisas das mãos de pessoas negras e chegou a dizer em uma das aulas que negros fediam e eram preguiçosos.

Na última terça-feira, um estudante que não teve o nome revelado, tentou invadir o quarto de Góis, na residência universitária, com um pedaço de pau na mão.

Em nota, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia informou que está tomando as medidas jurídicas e administrativas cabíveis e que irá contribuir com a apuração do caso, que está sendo investigado pela delegacia de Cachoeira.