Na última quarta-feira (8), o desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que o especial de Natal do grupo Porta dos Fundos fosse removido do ar. Atualmente, o especial –que possui o título de "A Primeira Tentação de Cristo"– está disponível na plataforma de streaming da Netflix.
O motivo para o pedido de remoção está ligado às diversas polêmicas levantadas na ocasião do lançamento. No especial, uma sátira é abordada denotando que Jesus Cristo seria gay ao retornar à sua casa com um homem chamado Orlando, interpretado pelo humorista Fábio Porchat.
A decisão de Benedicto Abicair se torna ainda mais polêmica quando se pensa que momentos anteriores ele se mostrou contrário à "censura" ao defender Jair Bolsonaro, que na ocasião era deputado federal e havia sido condenado por homofobia.
As informações citadas até o presente momento foram originalmente publicadas por Guilherme Amado, jornalista da revista Época. A publicação ocorreu ainda na manhã dessa quinta-feira (9).
O portal G1 afirma ter tentado entrar em contato com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para obter maiores informações. De acordo com o site, foi informado que Benedicto Abicair agradece pela oportunidade de manifestar a sua opinião acerca do caso, mas que o desembargador não poderia comentar os seus votos nessa questão ou mesmo o dos demais magistrados envolvidos na decisão de conceder a liminar.
Entenda a decisão
É possível destacar que a decisão do magistrado citado determinou que o especial "A Primeira Tentação de Cristo" seja removido do ar. De acordo com Abicair, como as comemorações do Natal já terminaram e tratava-se de um vídeo comemorativo, atualmente continuar a exibir o especial do Porta dos Fundos seria mais passível de danos do que simplesmente retirá-lo do ar.
Entretanto, ao votar na ação relativa ao presidente Jair Bolsonaro, o magistrado destacou que não era uma atitude coerente com uma democracia censurar qualquer tipo de manifestação, visto que tudo era uma questão de gosto e aceitação, mas a liberdade de expressão estava dentro dos direitos dos cidadãos desde que não ferisse nenhum direito constitucional.
Assim, para Abicair, Bolsonaro estava apenas exercendo o seu direito de manifestar uma opinião, não discriminando algum grupo.
No momento citado, Bolsonaro se tornou réu após afirmar, durante uma de suas várias participações no programa CQC, que nunca teria filhos gays porque eles "tiveram boa educação".