O medo de ocorrer desabastecimento em supermercados no Brasil durante a quarentena, levaram milhares de pessoas às compras nos últimos dias. A compra desenfreada de alimentos, papel higiênico e álcool em gel fez com que fotos de prateleiras vazias começassem a circular na internet.

De fato, a procura elevada fez com que os produtos acabassem, mas não significa que o Brasil vive uma crise de desabastecimento em supermercados. Especialistas, entidades e o Ministério da Agricultura afirmam que a compra desnecessária de produtos a fim de se fazer um estoque, pode exigir a reposição mais rápida desses produtos, mas isso não significa que eles faltem.

As empresas produtoras e fornecedoras de alimentos, bebidas e produtos de higiene continuam trabalhando na produção e distribuição dos produtos, logo, não há com o que se preocupar.

Presidente da ABIA tranquiliza consumidores

De acordo com João Dornelllas, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos, o Brasil está preparado para suprir toda a demanda com alimentação independente da quarentena do coronavírus, estando a frente de outros países que estão passando pelas mesmas restrições.

O risco de desabastecimento em supermercados é de o consumidor ficar sem determinado produto até a reposição ou ter de se deslocar para outros pontos de venda a procura dos mesmos. Por isso, nesse momento de pandemia é importante que as pessoas comprem de forma consciente, para que ninguém precise esperar para comprar ou saia a procura por aí.

Os especialistas salientam que não há necessidade de estocar produtos em casa, uma vez que os supermercados e empresas produtoras de alimentos continuam suas atividades.

Inclusive nas cidades e estados que restringiram o atendimento presencial em comércios, abriram exceção justamente para supermercados, restaurantes, farmácias e lojas de alimentos e medicamentos para animais (pet shops e aviculturas).

Alguns supermercados, a critério de sua direção, podem trabalhar com horário reduzido, como tem acontecido com algumas unidades localizadas em shoppings, que por sua vez, estão com lojas convencionais fechadas e praça de alimentação atendendo apenas entregas de pedido feitos por aplicativos, como Uber Eats, Rappi e iFood. Já no Rio de Janeiro, Marcelo Crivella pediu que, se possível, os supermercados funcione 24h por dia a fim de evitar aglomerações durante o dia e atender melhor aos idosos.

Risco real de falta de produtos

Por enquanto, o único produto que está em falta em muitas farmácias e supermercados é o álcool em gel, devendo contar com reposição gradativa nos próximos dias. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), na falta do álcool em gel a população pode fazer lavagem das mãos na mesma frequência com água e sabão e se desejar, pode usar o álcool setenta liquido.

João Dornellas ainda salientou que o único risco de desabastecimento em supermercados é se circulação logística dos produtos ou matérias-primas utilizadas na produção começarem a ser restringidas pelo Governo. Enquanto comércios de produtos alimentícios, fabricantes, fornecedores e empresas logísticas estiverem operando, não há com o que se preocupar, pois o país tem demanda suficiente para atender toda a população.

Possibilidades alarmantes de desabastecimento em supermercados

Já Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo, salienta que o risco de desabastecimento existe, uma vez que as atividades ligadas a hortifrúti e carnes não podem ser realizadas por home office, como está ocorrendo com funções administrativas das demais empresas.

Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura, salientou que o governo precisa dar prioridade para a produção nacional de alimentos, o que agiliza com que eles cheguem até a população. Até o momento, as centrais de abastecimento, como Ceasa, seguem funcionando normalmente. Alguns supermercados de São Paulo têm restringido a quantidade de compra de alguns produtos para que não falte para alguns clientes, já que tem as pessoas estão comprando em excesso, gerando um desabastecimento em supermercados, mesmo que de forma temporária.