A empregada doméstica Mirtes Renata Santana de Souza, mãe do menino Miguel Otávio, de 5 anos, que morreu após ter sofrido uma queda do 9º andar de um prédio na cidade do Recife, em Pernambuco, nesta última terça-feira (2), trabalha como empregada doméstica na casa de Sari Corte Real e Sergio Hacker, como ficou esclarecido após a cobertura jornalística a respeito do caso, quando a própria deu uma declaração confirmando que trabalhava no local na capital pernambucana.

No entanto, em uma consulta do Portal da Transparência de Pernambuco é mostrado que ela está registrada como sendo servidora da prefeitura da cidade de Tamandaré, cidade esta que Hacker é prefeito, e fica localizada a 100 quilômetros do Recife.

O cargo que atribuído à mãe do pequeno Miguel é o de Gerente de Divisão na manutenção das atividades de administração do local. Esta função, inclusive, é comissionada, e só pode ser concedida pelo próprio prefeito da cidade ou pelos seus secretários.

Por mais que o cargo que esteja sendo atribuído a Mirtes de acordo com os dados da prefeitura da cidade seja uma função de chefia, como foi mostrado, o salário bruto que consta que é recebido por ela é muito semelhante ao salário mínimo, no valor de R$ 1.093,62.

Indicadores apontam suposta fraude

Além disso, a carga horária que é registrada no sistema em relação ao cargo da empregada doméstica é de 0 horas, como pode ser visto através do portal de transparência do município.

No entanto, ao que tudo indica, este valor aparentemente é um erro, pois todos os funcionários da cidade que são comissionados, até mesmo os secretários, também estão com esta carga.

Com este registro da prefeitura de Tamandaré, é indicado que isso seja uma suspeita de fraude. Em dias de semana, sendo assim, o expediente da prefeitura do local, Mirtes, na realidade, trabalhava como empregada doméstica na casa do prefeito da cidade, que fica na capital do estado, Recife, a 100 quilômetros da cidade onde ela está registrada como servidora pública da prefeitura.

Ainda não se tem nenhuma definição se Mirtes sabia a respeito de sua situação, que ela havia sido registrada como funcionária da prefeitura, ou então se ela foi pressionada para aceitar o cargo desta forma.

O fato é que esta não é a primeira vez que um político usa destes meios, de cargos públicos, para poder remunerar um emprego doméstico que atua em sua casa, e não para a prefeitura da cidade que é comandada pelo mesmo.

O site de notícias Metrópoles tentou entrar em contato com os envolvidos no caso para esclarecer a situação, porém, até o momento não se obteve resposta alguma nem mesmo do prefeito de Tamandaré ou de algum responsável na prefeitura da cidade.

A data da admissão da servidora no serviço público consta no portal em questão que aconteceu no dia 1º e fevereiro de 2017, um mês após o patrão da mesma ter tomado posse como prefeito da cidade.