Lázaro Barbosa, de 32 anos, morreu nesta última segunda-feira (28), após 20 dias de uma megaoperação de busca na região de Goiás. A Polícia afirma ter atirado 125 vezes durante a ação para prender Lázaro Barbosa, enquanto a Secretaria de Saúde de Águas Lindas informou que o foragido foi atingido por ao menos 38 disparos.
As circunstâncias da morte de Lázaro causaram uma divisão de sentimentos populares e por parte dos juristas. Alguns advogados afirmam que pode ter havido "excesso de dolo" na operação que resultou na morte do foragido.
Lázaro Barbosa aterrorizou os moradores de Goiás e Distrito Federal devido à brutalidade de seus crimes.
O fato de Lázaro ser altamente perigoso acabou mobilizando toda a imprensa nacional e a população, e a busca de 20 dias acabou se tornando algo muito intenso e as cobranças populares cresciam dia após dia, fazendo com que a prisão fosse muito aguardada.
Adib Abdouni
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o criminalista Adib Abdouni comentou o desfecho do caso e, apesar de toda a expectativa popular, ele afirma que a "morte do criminoso não deve servir ao propósito de satisfazer o sentimento de justiça instantânea a afastar o receio da impunidade".
'Excesso de dolo'
Ainda de acordo com o criminalista, a morte de Lázaro pode ter sido causado por "excesso de dolo". A alegação de Abdouni é baseada na quantidade de tiros disparados contra o criminoso e a localização em que os ferimentos se encontravam.
No boletim de ocorrência, os agentes informaram que foram disparados cerca de 125 tiros contra Lázaro. Ainda em depoimento, Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, relatou que Lázaro não deu nenhum espaço para rendição e que ele disparou uma pistola carregada contra os agentes policiais.
Mestre em criminologia e justiça criminal, Claudio Bidino também se manifestou sobre o caso e seguiu a mesma linha de Abdouni.
Claudio relatou que as circunstâncias da captura e morte de Lázaro têm muitos pontos que devem ser investigados e esclarecidos. Ainda de acordo com o mestre em criminologia, os agentes policiais alegaram que existiu um confronto e que agiram em legítima defesa, no entanto, a quantidade de policiais envolvidos na operação unidos à quantidade de tiros disparados contra o criminoso pode indicar um excesso de reação.
Ele defende que esta hipótese não pode ser excluída, até porque todos os envolvidos na ação estavam sob muita cobrança e pressão.
Daniel Bialski
Mestre em Processo Penal, Daniel Bialski tem uma opinião contrária as anteriores e sugere que não ouve qualquer tipo de excesso por parte dos agentes que agiram no estrito cumprimento da lei. Ele ainda afirma que Lázaro era um criminoso de alta periculosidade e que era uma diligência arriscada.
A OAB de Goiás acompanhará as investigações por parte da Polícia Civil e averiguará se as circunstâncias da captura foram realizadas dentro da lei.