Na manhã desta quarta-feira (5), uma creche particular em Blumenau, Santa Catarina, foi alvo de um ataque brutal que deixou quatro crianças mortas e outras cinco feridas. Um homem de 25 anos invadiu a escola com uma machadinha e atacou as crianças, atingindo-as na região da cabeça. As vítimas tinham idades entre 4 e 7 anos.
Desespero e aglomeração de pais na frente da escola
Após o ataque, o criminoso se entregou à polícia, que está investigando o caso e apurando se há mais envolvidos no crime. Enquanto isso, os pais das crianças se aglomeravam na frente da escola em busca de informações e com um clima de desespero. As crianças sobreviventes foram sendo liberadas pouco a pouco e entregues a suas famílias.
Investigação de possível organização do ataque pela internet
Segundo o delegado-geral Ulisses Gabriel, a Polícia está investigando se o ataque foi organizado online e se há mais pessoas envolvidas no crime. A Delegacia de Repressão a Crimes de Informática também está envolvida na investigação.
Explosão de violência em escolas brasileiras: pandemia e outros fatores
Desde agosto de 2022, o Brasil tem sofrido mais de um ataque por mês em escolas, um aumento significativo em relação à média bienal de 13 ataques registrados de 2002 a julho de 2022. O agravamento da violência está relacionado à pandemia da Covid-19 e ao prolongado fechamento das escolas, que chegou a dois anos em algumas regiões do país, segundo a pesquisadora Telma Vinha, coordenadora da pesquisa realizada por um grupo que reúne pesquisadores da Unicamp e da Unesp.
Adoecimento psíquico, insegurança financeira, conflitos familiares, falta de perspectiva de vida dos adolescentes, dificuldades de relacionamento causadas pelo isolamento e aumento do tempo online são alguns dos fatores que contribuem para a violência nas escolas brasileiras.
A maior interação com grupos extremistas também é uma preocupação, já que muitos agressores participam de fóruns online de incentivo à violência e frequentam a chamada deep web.
Perfil dos agressores e suas motivações
O estudo realizado pelos pesquisadores traça um perfil dos agressores que cometem ataques de extrema violência nas escolas brasileiras. A maioria é branca e do sexo masculino, com idades entre 10 e 25 anos. São machistas, agressivos e apresentam histórico de distúrbio psiquiátrico variado, isolamento, falta de perspectiva e propósito. Muitos abandonaram a escola e convivem com desemprego na família.
Embora todos tenham como alvo a escola, as motivações são distintas. Alguns ataques são motivados por vingança ou raiva, envolvendo ciúmes e bullying, por exemplo. Esses ataques são premeditados e têm planejamento, com a aprendizagem de métodos de ataque via internet.