Os gregos, vêm sendo destaque na mídia nos últimos meses principalmente pelo embate econômico da dívida da Grécia com os seus credores, BCE, União Europeia e FMI. Entretanto, o julgamento da legalidade desta cobrança não é o mote do artigo em questão, mas sim os estudos e legados dos helênicos, em sua maioria, benéficos à civilização humana e no caso, mais especificamente no campo da Medicina.

Não é à toa, por exemplo, que até hoje o "pai da medicina" foi um grego de nome Hipócrates, nascido em 460 a.C na ilha de Kós e foi contemporâneo dos filósofos gregos Platão e Sócrates.

Num jogo de coincidências, além de Hipócrates, existiu um outro grego, também nascido numa ilha de nome Eubéia em 13/05/1883, que herdou a profissão do pai, a saber, médico cujo nome era George Nicholas Papanicolau. Aos quatro anos, George, os seus pais e seus irmãos Athanase, Maria e Eleni mudaram-se para Atenas e com 21 anos de idade formou-se em medicina na Universidade de Atenas.

Em um breve currículo do Dr. George, constatamos que ele foi médico cirurgião do Exército Grego; estudou pós-graduação em biologia depois de ter imigrado para a Alemanha e obteve doutorado na área de zoologia sobre diferenciação sexual das espécies. Após casar-se em 1910, trabalhou em Mônaco num centro de pesquisa. Porém a Guerra dos Balcãs e a morte de sua mãe, interromperam o seu trabalho de fisiologista.

Decidiu emigrar com sua esposa em 1913 para os Estados Unidos em busca de melhores condições de pesquisa e trabalho. O casal realizou várias atividades sem relação alguma com a esfera médica.

Em 1914, George conseguiu finalmente atuar no departamento de anatomia na Universidade de Cornell, continuando seus estudos de diferenciação sexual. As pessoas da época não sabiam, mas os ensaios e pesquisas médicas do grego acabariam salvando a vida de milhões de mulheres em todo o mundo, no que é conhecido como "teste de Papanicolau". Esta técnica rastreia lesões cervicais em massa, sequenciando em laboratório várias fases que no final do processo identifica, nas células esfoliadas do colo do útero, alterações que podem ser neoplásicas.

Há mais de 50 anos, o teste de Papanicolau é usado para prevenir o câncer uterino, mas a doença representa a metade da incidência global de câncer ginecológico, devido basicamente a ausência de um programa sistemático de rastreamento da eventual patologia em países subdesenvolvidos ou em pessoas com baixo poder aquisitivo.

No Brasil, o Ministério da Saúde determina que a realização preventiva do Papanicolau se dê periodicamente dos 25 aos 64 anos de idade nas mulheres. Ou seja, deve ser feito anualmente e após dois resultados negativos consecutivos, o exame será feito em intervalo de três anos. Em mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o Papanicolau, sugere-se dois exames preventivos com intervalo de um a três anos e se ambos os resultados forem negativos, tais mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais.

George Papanicolau dedicou uma vida a pesquisa e aos tratamentos ginecológicos, tanto que foi diretor do Instituto de Pesquisa e Ensino do Câncer, em Miami em 1961. Desafortunadamente, esse destacado cientista médico morreu em 19/02/1962 de um ataque cardíaco fulminante; entretanto, o Dr. Papanicolau é "homenageado" constantemente por famílias em todo o mundo, que se sentem agradecidas pelo trabalho pioneiro e até hoje salvador de vidas.