O assunto sobre a gravidez de transgêneros ganhou grande repercussão depois que a autora Glória Perez abordou o tema na novela "A Força do Querer" por meio do personagem Ivan (Carol Duarte). Entretanto, com o tema em evidência surgiram também muitas dúvidas a respeito do assunto, principalmente, se existe algum risco para os homens transgêneros ficarem grávidos.

Em entrevista à revista 'Glamour', a médica Amanda Athayde, diretora do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explicou que, primeiramente, se o transgênero consegue engravidar é porque seus ovários estão em pleno funcionamento, porém a primeira atitude que eles devem tomar ao descobrir a gravidez é deixar de usar o hormônio masculino para que não ocorra nenhum tipo de risco - para o transgênero e para o bebê.

Com todos os cuidados, a gravidez de um transexual é considerada uma gravidez como de qualquer outra mulher.

Amanda explicou que é de suma importância que a utilização da testosterona seja interrompida, pois o hormônio pode ocasionar deformidades na formação do sexo do bebê, dentre elas: masculinizar as genitais de um bebê do sexo feminino, além de prejudicar a formação da genitália de um bebê do sexo masculino. Outro ponto importante que ela ressaltou é em relação à amamentação. Caso o transgênero tenha efetuado a cirurgia de retirada das mamas (mastectomia), ele não poderá amamentar, pois não produzirá leite.

Segundo a médica, ainda que o transgênero fique por um período muito longo sem usar a testosterona, o hormônio feminino (progesterona) volta a se sobrepor no corpo, estimulando a ovulação, deixando-o fértil.

Amanda terminou sua explicação fazendo um alerta aos transgêneros sobre o uso do hormônio masculino, informando que doses erradas podem causar efeitos colaterais indesejados e o risco de morte. No início da utilização dos hormônios, o transexual deve procurar acompanhamento com um médico endocrinologista que possua intimidade com esse tipo de tratamento.

O tratamento com hormônios masculinos atrofiam os órgãos femininos e dificultam a fertilidade, por isso é recomendado que o transgênero apresente um atestado de Saúde mental, comprovando a sua transgeneridade. Além disso, o indivíduo deve estar saudável e não apresentar nenhum histórico de doença cardiovascular e AVC (Acidente Vascular Cerebral) na família.