Quase todo mundo conhece e gosta do creme de avelã Nutella. Ele pode ser comido puro, ou passado em pães e bolos, bem como serve de base e recheio para as receitas de tantas outras sobremesas. A gostosa pasta foi inventada na cidade de Turim, na Itália, durante o reinado de Napoleão Bonaparte, no século 19.

Composta de 70% de avelã e 30% de cacau, a sobremesa nasceu a partir do bloqueio do Mar Mediterrâneo, que interrompeu a importação de chocolate para a cidade. Cada vez mais raro, o chocolate passou a ser misturado com avelã para render mais e suprir as demandas do mercado.

Em 1946, um confeiteiro, chamado Pietro Ferrero inventou aquilo que mais tarde seria batizado de Nutella. Inicialmente, o produto chamou-se Giandujot. O produto é extremamente calórico. cada colher de sopa contém 200 calorias.

Além das avelãs e do cacau, a Nutella conta com uma matéria-prima em sua composição que pode estar causando danos irreversíveis a fauna das localidades onde é produzida. O óleo de palma é utilizado principalmente para conferir textura cremosa ao alimento, sem alterar seu sabor. Seu custo é baixo, o que é extremamente atraente para o fabricante da pasta de avelã.

O problema com o óleo de palma está em seu processo de produção. As ilhas de Sumatra e Bornéu, na Malásia, possuem o ambiente ideal para o plantio das palmeiras.

Infelizmente, os produtores não se importam em sacrificar alguns hectares de vegetação nativa e toda a fauna que vive ali para abrir espaço para as plantações de palmeiras.

O resultado disso é a vasta destruição das florestas locais. Mais de 2 milhões de hectares de mata foram incendiadas pelos plantadores. Durante as queimas das florestas centenas de orangotangos são queimados com a vegetação.

Estes animais acabam, em sua maioria, mutilados ou mortos, e não existe nenhum programa de proteção ambiental em sua defesa.

Ao longo de 20 anos, cerca de 50 mil orangotangos foram mortos durante a queima de florestas nas ilhas de Sumatra e Bornéu, para dar espaço as plantações de palma. Alguns animais menores que vivem na região também acabam vítimas dos produtores.

Estima-se que até o ano de 2033, os orangotangos estarão extintos devido à total destruição de seu habitat natural.

Empresa se defende das acusações

A Ferrero, responsável pela produção da Nutella defendeu-se dizendo que adota cuidados em relação ao seu fornecimento de óleo de palma e que garante ''estar consciente de seus compromissos ambientais.’’ A resposta da empresa chegou após a ministra francesa da Ecologia, Ségolène Royal, recomendar ao povo que suspendesse o consumo de Nutella, devido ao impacto ambiental causado por sua produção.

Sem citar a ministra, a Ferrero informou que o cultivo das palmeiras pode caminhar junto com o respeito ao meio ambiente e às populações dos locais dos quais importa a matéria-prima: Malásia, Papua-Nova Guiné e Brasil.

Óleo de palma pode ser cancerígeno

A destruição ambiental e a extinção de espécies aparentemente não são os únicos riscos na produção e no uso do óleo de palma. A EFSA - Autoridade Europeia de Segurança Alimentar - declarou, em maio deste ano, que o óleo da palmeira gera GE, um agente potencialmente carcinogênico, quando é refinado. Em outras palavras, ao atingir uma média de 200ºC, o óleo de palma passa a possuir um contaminante capaz de causar câncer.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Organização das Nações Unidas apontam os mesmos dados, mas ainda não recomendam a suspensão do uso deste produto, alegando que mais estudos são necessários antes de declarar seus riscos para a saúde. Diversas indústrias alimentícias, no entanto, interromperam o uso do óleo de palma depois dos alertas destas organizações.