É amplamente perceptível que nos últimos anos são crescentes as iniciativas para a promoção da segurança e da qualidade na assistência de saúde, com envolvimento significativo da alta direção das instituições abrangendo também seus colaboradores. Aliado a isso, a meta de qualidade nos diversos serviços oferecidos à sociedade gera uma necessidade de otimização dos resultados. Paralelamente, a complexidade dos serviços de saúde e a incorporação de tecnologias elaboradas têm sido atribuídas a riscos adicionais na prestação do cuidado.
A realidade das instituições hospitalares no Brasil
Os hospitais que compõem o sistema de saúde brasileiro quando comparados com os demais prestadores de serviços em saúde, exigem especial atenção quando da avaliação de sua representatividade financeira e de serviços, haja visto que sozinhos são responsáveis por dois terços dos gastos do setor e uma considerável parte dos serviços produzidos. Somado a isso, tem-se ainda o destaque do acúmulo de profissionais diversos, o título de grandes centros de treinamento e o reconhecimento de principal ambiente de desenvolvimento e adoção de novas tecnologias. Entretanto, há um cenário que tem preocupado toda comunidade relacionada neste contexto hospitalar.
Poucas estratégias e ações se concentraram de maneira sistemática na questão da qualidade nos hospitais públicos, o que abre espaços para discussões diversas sobre a qualidade na saúde e, consequentemente, segurança do paciente. Dentro do universo hospitalar, uma gama de variáveis influenciam na organização e planejamento dos processos para enfim propor e prestar ações e serviços em saúde, tais como aspectos culturais, sociais, financeiros, estruturais, oferta, demanda, entre outros.
Quando ocorre algum desequilibro na relação destes fatores, diversos agravos poderão desencadear, podendo prejudicar de forma direta ou indireta a prestação de serviços.
O impacto financeiro dos eventos adversos em saúde
No que tange à magnitude financeira, o valor gasto com as internações hospitalares é 200,5% maior na ocorrência de EA do que nas internações sem eventos, além do tempo de internação se estender, em média, a 28,3 dias.
A gravidade desses eventos relacionados é de tal magnitude e impacto social que desencadeou uma ampla mobilização de órgãos de todo mundo, incluindo o Brasil, para o controle e para a prevenção dessas ocorrências e promoção da cultura de segurança.
Porém, os índices ainda permanecem distante dos ideais. É sabido que diversos agravos à saúde poderão ser potencializados em um cenário onde a capacidade operacional foi superada e a assistência será desenvolvida fora dos padrões esperados para aquele serviço. Estes agravos perpassam pelo eixo clínico, correlacionando as atividades diretas à saúde e pelo não clínico, voltado para as atividades secundárias que impactam de alguma forma na prestação do serviço.
As ações de assistência são desenvolvidas principalmente por profissionais de enfermagem, portanto, os profissionais de enfermagem estão em posição estratégica para reduzir a possibilidade de incidentes que atingem o paciente. Eles também podem identificar as complicações mais rapidamente e desenvolver ações capaz de reduzir estes danos.
O papel do enfermeiro na prevenção de eventos adversos
Os incidentes associados ao cuidado de saúde, e em particular os eventos adversos, representam uma elevada morbidade e mortalidade nos sistemas de saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstrando preocupação com a situação, criou a World Alliance for Patient Safety (Aliança Mundial pela Segurança do Paciente) que tem como objetivos organizar os conceitos e as definições sobre segurança do paciente e propor medidas para reduzir os riscos e diminuir os eventos adversos.
O enfermeiro responsável pelo gerenciamento, assim como a equipe assistencial deverá buscar respostas às questões elementares para o controle dos eventos infecciosos como higienização das mãos, identificação segura dos pacientes, garantir a segurança na administração de medicamentos e uso correto de conexões, cateteres e sondas, atuar nas precauções de erros em procedimentos cirúrgicos, e adotar a sistematização a assistência de enfermagem (SAE) como estratégia eficaz para redução de eventos adversos.
Portanto há necessidade de incluir a discussão da segurança do paciente com todos os profissionais envolvidos no cuidado, com a criação de comissões multiprofissionais para a implementação de ações e práticas, e envolvimento coletivo, que contribuirá para uma melhor cultura de segurança do paciente. Frente a este cenário, salienta-se a necessidade de as instituições prestadoras de assistência em saúde fomentarem a inclusão de educação permanente de segurança do paciente.