Nesta última segunda-feira (2), o Comitê do Nobel anunciou os vencedores do prêmio de medicina de 2023, reconhecendo as contribuições essenciais da bioquímica húngara Katalin Karikó e do pesquisador americano Drew Weissman para o desenvolvimento das vacinas baseadas em RNA mensageiro (RNAm) contra a Covid-19. Suas pesquisas foram fundamentais para a eficácia das vacinas que têm salvado vidas em todo o mundo.
Um salto na ciência: RNA mensageiro e vacinas contra a Covid-19
Karikó e Weissman foram premiados por suas "descobertas sobre as modificações das bases de nucleicas que permitiram o desenvolvimento de vacinas de RNAm eficazes contra a Covid-19".
Esta tecnologia de ponta, que utiliza o RNAm para instruir as células a produzirem proteínas virais e, assim, desencadearem uma resposta imunológica, provou ser um marco na luta contra a pandemia.
Desafios na distribuição global de vacinas
No entanto, a celebração desses avanços científicos não deve encobrir os desafios da distribuição global de vacinas. Como vimos no passado, a desigualdade persiste. Assim como na epidemia de HIV nos anos 1990, onde o acesso a tratamentos estava amplamente limitado aos países ricos, hoje enfrentamos uma situação semelhante.
Antes mesmo de as vacinas contra a Covid-19 chegarem ao mercado, uma parte significativa da produção já estava alocada para nações ricas, representando apenas 13% da população global.
Além disso, em 2022, estudos revelaram que países desenvolvidos desperdiçaram cerca de 1 bilhão de doses, enquanto muitas nações não tinham sequer uma única dose disponível.
A luta por acesso universal
Em resposta a essa disparidade, houve uma iniciativa para suspender as patentes de produtos relacionados à Covid-19, permitindo a produção genérica das vacinas para reduzir os preços e aumentar a fabricação global.
No entanto, essa proposta foi bloqueada por alguns governos, incluindo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Covax, uma aliança global de vacinas, foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na tentativa de garantir um acesso mais equitativo às vacinas, mas sofre com a falta de recursos e doses adequadas. Até agora, a vacinação alcançou apenas 72% da população mundial, deixando muitos países, especialmente na África, com taxas de vacinação extremamente baixas.