Quem foi criança no "tempo em que os dinossauros reinavam na Terra", deve se lembrar de propagandas dos cursos por correspondência do Instituto Universal Brasileiro, em revistinhas da Disney e da Turma da Mônica. Além de listas e descrições dos cursos (caligrafia, mecânica de automóveis, costura, inglês, desenho técnico, violão, etc.), havia histórias curtinhas mostrando o sucesso que se podia alcançar com os conhecimentos adquiridos: o emprego dos sonhos, respeito profissional, impressionar a namorada, etc.

Essa imagem poderia servir como ilustração de um dos males de escrever mal em um anúncio de curso de Português ou poderia servir de inspiração para uma historinha à propaganda do Instituto Universal.

Um detalhe pungente que não poderia deixar de ser explorado no reclame: alguém postou o print da conversa na internet. Dificilmente, foi a pessoa que escreveu "saldade". Muito provavelmente, portanto, foi a outra: sim, a pessoa que foi abordada com um "te amo" e com a notícia de que sua falta é sentida achou que o carinhoso(a) interlocutor(a) era um adequado alvo de chacota por anônimos na internet.

Há só uma chance em mil de uma historinha baseada neste caso não ter, em algum momento, um quadrinho lembrando que "poderia ser você" a sofrer a zombaria por não saber quando se usa "l" e quando se usa "u". A única dúvida é se o amante desprezado matricular-se-ia no curso de Português e daria a volta por cima, conquistando, com seu domínio do vernáculo, uma garota muito mais deslumbrante que a que o esnobara ou se ele teria que ver o amor de sua vida cair nos braços de um sujeito que fez o referido curso e, aliás, acabou de conseguir uma promoção graças ao seu linguajar elegante e à sua ortografia impecável.

Na verdade, toda escola deste país deveria ter reproduções deste print penduradas em todas as paredes de salas de aula, refeitórios, corredores, no teto, nas tabelas de quadras de basquete, nas traves do gol e nos bebedouros. Versões envolvendo erros de sintaxe, aritmética, geografia e história poderiam ser criadas. Talvez seja a motivação que falta para fazer a garotada queimar as pestanas sobre os livros (como se dizia quando os dinossauros reinavam na Terra).