Você levava soquinhos e tapas dos seus amigos quando um Fusca azul passava na rua? Bem, a única chance de isso não ter acontecido com você é se você não teve infância no planeta Terra. A regra era clara: ao avistar um carro desta cor e modelo na rua, você imediatamente deveria dar um soco ou tapa no amigo que estava ao seu lado.

Alguns grupos possuíam regras adicionais próprias, mas algumas eram imutáveis: você deveria anunciar a visão do Fusca Azul e apontá-lo para os amigos, para que ninguém repetisse o tapa pelo mesmo carro. Se o Fusca não fosse, de fato, azul, o amigo que apanhou tinha a permissão de revidar em dobro.

É claro que existem algumas teorias a respeito da origem desta tradicional brincadeira que marcou gerações, e embora nenhuma seja comprovadamente a certa, eis aqui uma possível explicação para o surgimento da brincadeira do Fusca Azul.

Henry Ford, gênio da indústria automobilística no começo do século 20, teria sido a primeira pessoa a brincar de Fusca Azul. Naquela época, todos os carros saiam das fábricas em apenas uma cor, o preto. Porém, em 1914, um erro na mistura da tinta usada nos modelos Ford T fez com que estes saíssem da linha de produção em um tom de azul escuro.

Henry Ford não teria gostado nada disso e teria desferido um tapa nas costas do responsável pelo erro. Os carros azuis acabaram restritos ao uso interno pelos funcionários que imitavam a atitude do chefe Henry Ford ao verem algum dos veículos azuis.

Ok, mas e o Fusca?, você deve estar se perguntando. Vamos lá: a história de Henry Ford aconteceu há anos nos Estados Unidos e a tradição se manteve viva durante muitos anos no país.

Na década de 1960, com a popularização do novo modelo Beetle (que no Brasil ganhou o nome de Fusca), a brincadeira foi modificada. Beetle, em inglês, pode ser traduzido para o português como besouro.

Nos Estados Unidos, este modelo também era chamado de Bug ou Buggy, que são variações da palavra inseto. A brincadeira passou a ser associada com o ato de ''esmagar o inseto'' - punch buggy, em inglês - e a cor do carro já não era mais importante, e o que realmente importava era a quantidade de ''insetos'' que eram esmagados nos braços dos seus amigos.

Chegando ao Brasil, as duas vertentes da brincadeira acabaram se misturando, supostamente com uma ação da própria Volkswagen, usando o tapa do Henry Ford por causa da cor azul para divulgar seu novo modelo. Esta ação de ''marketing agressivo'' (literalmente) se espalhou e virou uma espécie de brincadeira tradicional entre as crianças ´- e mesmo entre os adultos.

Agora você já sabe porque apanha toda vez que seu amigo vê um Fusca azul!