A oitava temporada da série The Walking Dead estreou neste domingo (22), trazendo de volta às telas uma história eletrizante, que gira em torno de uma das criaturas mais intrigantes da ficção: os Zumbis. Mas será que os zumbis existem, de fato, somente na ficção? De onde surgiram as histórias sobre mortos que voltaram à vida, causando pânico àqueles que os encontravam andando por aí, comportando-se de forma estranha, porém, sem sombra de dúvidas, ''vivos'' para todos os efeitos?
A história que você vai conhecer a seguir é verídica e aconteceu no Haiti entre 1962 e 1981. Em 1962, o haitiano Clairvius Narcisse pegou uma doença misteriosa. Com febre alta e a sensação de mosquitos picando seu corpo, Narcisse foi levado ao hospital e atendido por dois médicos, no entanto, não resistiu. O homem foi declarado morto pelos médicos, tendo sua irmã como testemunha. Após um velório rápido, foi realizado o enterro.
Aqui, a história fica um tanto nebulosa. Algum tempo depois, Narcisse acordou ao ser retirado de seu caixão por um shaman vodu - uma espécie de feiticeiro, de acordo com as crenças haitianas - ,''reanimado'' por uma espécie de poção e levado para trabalhar como escravo em uma plantação de cana-de-açúcar.
Segundo o haitiano contou à família tempos depois, todos os trabalhadores da plantação recebiam, todos os dias, a mesma mistura, que os transformava em ''zumbis''.
Em determinado momento, os trabalhadores foram libertados, devido à morte do dono da fazenda. Narcisse conta ter passado 18 anos vagando, sem saber onde procurar pela família que, naturalmente, pensava que ele estava morto. Somente em 1981, vagando através de uma vila, o homem reconheceu a irmã, que também o reconheceu - pelo menos, foi o que deram a entender os gritos apavorados que a senhora dava. Narcisse convenceu a irmã de que era ele mesmo ao revelar um apelido dela que somente a família conhecia.
Vizinhos também reconheceram o homem, que foi levado a médicos e psiquiatras para relatar sua história.
O que teria acontecido de fato? Narcisse teria sido transformado em uma espécie de ''zumbi''?
Lei haitiana proíbe criação de zumbis
Sim, é isso mesmo que você acabou de ler: existe uma lei no Haiti que proíbe que os feiticeiros vodu ''criem'' zumbis a partir de ''rituais'' de magia negra. Explicando melhor: grande parte da população haitiana acredita em rituais vodu.
E se você pensou em bonequinhos de pano com alfinetes, chegou a hora de desmistificar esse conceito; o vodu seria como uma religião para os habitantes do Haiti, com fortes influências das religiões de povos de outras partes da África, como os bacongos, além de alguns elementos indígenas e outros do catolicismo popular.
Os voduístas bokors são aqueles que realizam o que os haitianos chamam de ''magia negra''.
Uma das práticas destes voduístas seria a transformação de seres humanos em ''zumbis''. Neste ritual, o sacerdote vodu pegaria para si o ''bon ange'' da pessoa, o equivalente ao que chamamos de alma. Para os estudiosos, os supostos zumbis são criados a partir da administração de uma neurotoxina chamada tetrodotoxina, encontrada no peixe baiacu e em uma espécie de sapo; essa toxina causa um intenso estado de letargia, diminuindo os sinais vitais e produzindo a ilusão de morte.
O artigo 246 do Código Penal haitiano diz claramente que o ato de envenenar alguém com quaisquer substâncias cujo objetivo seja produzir um estado de letargia é passível de punição pela justiça.
Mas afinal, o que aconteceu com Narcisse?
A partir disso, podemos concluir que talvez Clairvius Narcisse tenha sido ''envenenado'' por uma dessas substâncias, levando os médicos e a família a acreditar que ele estava morto quando, na verdade, estava apenas sob o efeito da neurotoxina.
Mas como ele foi levado à trabalhar na plantação de cana nestas condições?
Neste caso, os estudiosos acreditam que a substância que, segundo Narcisse, era dada todos os dias aos trabalhadores da plantação, é uma toxina conhecida por Datura stramonium, proveniente de uma planta popularmente chamada de figueira-do-diabo, que causa alucinações e mantém a pessoa acordada, porém sem qualquer autonomia.
Embora seja o caso mais conhecido, Narcisse não foi o único ''zumbi'' haitiano a ser criado a partir da combinação destas duas toxinas; há pelo menos mais um caso catalogado na história do Haiti, desta vez, com uma mulher chamada Felicia Felix-Mentor.
E você, o que acha dessa história? Deixe sua opinião nos comentários.