Adultos praticam e as crianças, sem saber o porquê, acabam adotando o costume de não comer carne durante dias especiais no calendário religioso.

Para quem é católico, a Quarta-Feira de Cinzas é uma data em que não se adota o consumo de carne vermelha. Outra que segue o mesmo rito é a Páscoa.

Nos dias atuais, há quem se rebele com essa tradição católica e faça uma suculenta feijoada. Entretanto, qual é a origem e o motivo de os fiéis católicos evitarem o consumo de carne de boi e de porco, por exemplo?

Não é só feriado

Muitos aproveitam e acham ótimo que haja um dia a mais no final de semana ou que encarem como uma excelente oportunidade de reunir a família diante de uma mesa farta e com muita conversa.

Nas datas citadas nesta matéria, o rigor só fica mais relaxado quando se trata de peixe. Por isso, muitos ou a maioria escolhe o bacalhau como opção de refeição nos dias religiosos. Aperta um pouco o bolso, mas há os que fazem questão de ficar longe da carne vermelha.

Os que são adeptos de outras crenças podem achar estranho esse hábito e a Igreja Católica, em particular, considera a Páscoa como o momento máximo de sua liturgia.

Cristãos enaltecem e reconhecem Jesus como o Salvador, o Prometido descrito nos livros bíblicos do Antigo Testamento. Sendo assim, Jesus teria cumprido todas as profecias ali contidas.

Cada dia de redenção

Assim como o judaísmo, o cristianismo propõe jejum em certos dias e, no caso da Igreja Católica, existe a crença de que cada dia da semana tem a ver com a história da Redenção.

De acordo com a Santa Igreja, a quinta-feira é dedicada à Eucaristia; por sua vez, o sábado é reservado para a Virgem Maria. E no domingo, primeiro dia da semana, é celebrado o acontecimento da Ressurreição.

No caso específico da Quarta-Feira de Cinzas e da Sexta-Feira da Paixão, atribui-se uma reverência ou uma lembrança em favor de Jesus.

Afinal, há que se lembrar de sua morte e de sua volta da mansão dos mortos. Em suma: uma prática de penitência que remete aos mistérios da fé, como o que Jesus praticou em seus últimos dias.

Sendo específico

Com relação ao feriado da Sexta-Feira da Paixão, os católicos se preparam para refletir e mostrar sua devoção ao ato de crucificação de Jesus.

Aliás, a prática de evitar comer carne vermelha em datas especiais como a Páscoa vem de tempos antigos.

Abster-se de carne é um simbolismo de união daqueles que o fazem com o sofrimento enfrentado por Cristo na flagelação, na caminhada ao Monte Calvário e na crucificação. Também é o modo de cada um expressar posteriormente seu preparo e crença na ressurreição.

Para os que seguem fielmente o jejum no catolicismo, trata-se, do ponto de vista religioso, de reforçar o derramamento do sangue de Jesus na cruz em benefício da raça humana. Também significa o arrependimento e fidelidade dos devotos.

E o peixe é carne?

Não há como botar o rótulo de “não” a esta pergunta, mas o alimento é permitido para consumo.

Desde os tempos antigos, o peixe já era a fonte preferida nas primeiras comunidades cristãs formadas. E a intenção é a mesma: a penitência e a reflexão.

Ainda que para alguns seja algo de menor importância ou de restrição alimentar sem grande sentido, o simbolismo religioso e de reconhecimento à obra e às ações de Jesus ganham importância. Um hábito que vira tradição.

É uma questão de se conectar tanto com a mente quanto com o coração na passagem de dor à ressurreição nos três dias de Páscoa.