O Brasil poderá ver sua economia ter grandes problemas mesmo após o enceramento da pandemia do coronavírus. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado nesta terça-feira (16) no jornal O Estado de S. Paulo, aponta que o país pode ser um dos que mais irá sofrer durante o período em que a economia começar a ser retomada.

No estudo, o Brasil pode ser o segundo sul-americano a menos crescer no biênio 2020/2021 em termos de Produto Interno Bruto (PIB), mas também poderá crescer menos do que praticamente quase todos os países do planeta.

Brasil à frente da Venezuela

Dentre o levantamento da FGV, que usou dados de previsões feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) com os dados do Boletim Focus, este publicado pelo Banco Central, o Brasil teria uma queda de 1,6% de seu PIB neste e no próximo ano.

Dentre todos os países da América do Sul, o PIB brasileiro no biênio só seria maior que o da Venezuela. E seria, de acordo com os números levantados, o 171.º país na lista dos PIBs, de 192 pesquisados. O que significaria que praticamente 90% do planeta teria um Produto Interno Bruto maior do que os brasileiros.

Mesmo sem a pandemia do coronavírus, o Brasil poderia correr o risco de também ter baixo crescimento em 2020. A taxa rondava desde 2017 os 1%, esta sucedendo períodos de queda do PIB.

Pesquisador explica levantamento

Marcel Balassiano, pesquisador da FGV responsável pelo levantamento dos dados, argumentou que o Brasil vive um momento diferente de muitos países, pela crise econômica ser resultado tanto da pandemia como também dos problemas políticos vividos pelo país em 2020.

Balassiano afirmou que os números apontados por FMI e pelo Boletim Focus seriam um tanto otimistas com o crescimento do país.

O pesquisador lembrou que o Banco Mundial já coloca o Brasil com uma queda de 3%. E avisa que tais números podem ser revistos para mostrar um crescimento ainda menor.

"O FMI deve fazer uma nova rodada de previsões no mês que vem e o desempenho esperado para o Brasil deve ser ainda pior", analisou.

Brasil terá recuperação econômica dura

Em todas as previsões, o mundo não terá uma recuperação fácil depois da pandemia do coronavírus. Nos dados da pesquisa do FGV, nove de dez países poderão ter uma economia com crescimento maior do que a brasileira.

A China, onde a pandemia teve origem, terá um crescimento aproximado de 5,1% no biênio 2020/2021. Os recentes problemas da economia brasileira, como as crises da década, também prejudicaram as taxas propostas para este e o próximo ano.

"O Brasil veio de uma recessão forte e não conseguiu sair rápido dela. Entramos na crise atual com desemprego em dois dígitos e 70 milhões de vulneráveis", afirmou.