O trabalhador autônomo é o mais afetado pela pandemia do novo coronavírus no Brasil e ganhou, em média, apenas 60% da renda esperada em situação de normalidade para o mês de maio, revela pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Na sociedade brasileira economicamente ativa em geral, o impacto foi de 82% da renda para o mês de maio, o que mostra uma grande discrepância entre a média geral nacional e o impacto na renda do trabalhador autônomo.
A pesquisa procurar traçar números objetivos para que seja avaliado o impacto econômico na população brasileira da pandemia do novo coronavírus, que desde março fez o poder público adotar medidas de isolamento social e paralisação de parte da atividade econômica.
Ela mostra ainda que trabalhadores vinculados a atividades que não são essenciais foram os mais afetados.
Forte impacto econômico entre os informais
Nas estatísticas para o setor privado, a pesquisa da IPEA revelou um impacto bem mais intenso para os trabalhadores informais do que para os trabalhadores celetistas (com carteira de trabalhado assinada e registrada).
Entre os informais, o impacto na renda foi bastante alto: receberam em média 76% do valor esperado. Já quanto aos trabalhadores celetista, o impacto foi bem mais sutil: recebem em torno de 92% do esperado para o mês de maio. A discrepância é previsível e explicada pela carência de legislações trabalhistas de proteção aos trabalhadores informais, o que facilita procedimentos de demissão por parte do empregador.
Servidores estatutário e militares são os menos afetados
Os trabalhadores do serviço público foram os menos afetados pelo aumento do número de casos do novo coronavírus. Os funcionários públicos sob o regime celetista receberam em média 96% do valor esperado, enquanto os estatutários e militares angariaram 98% sendo, portanto, os menos afetados pela situação sanitária em maio.
As proteções trabalhistas previstas em lei para funcionários públicos foram o fator providencial para a manutenção quase em 100% da renda esperada para maio no setor estatal.
Covid-19 atingiu mais renda de idosos que de jovens
Segundo cálculo do IPEA, os idosos foram economicamente mais atingidos do que os jovens. O que mostra que a faixa etária dos mais velhos não sofreu grande impacto apenas na questão sanitária, já que teve muito maior incidência de mortalidade da doença entre os idosos do que entre os jovens.
Os jovens receberam 84% da renda esperada para o mês, enquanto os idosos obtiveram apenas 78%
Com relação à escolarização, os trabalhadores com título do Ensino Superior conquistaram 85% da renda esperada, enquanto com apenas Ensino Médio completo conseguiram 75%.
Artistas e atletas lideram os setores mais atingidos
Das várias atividades econômicas, a mais atingida é a relativa a atividades artísticas, esportivas e recreação, que receberam apenas 55%. A menos atingida é relativa as profissionais de da administração pública e de serviços de utilidade pública, que obtiveram 97% e 93% da renda prevista de maio. O resultado mostra ainda como os serviços não essenciais foram profundamente mais atingidos do que os serviços essenciais
Impactos do Auxílio Emergencial
Há uma discrepância entre a quantidade de domicílios sem renda de trabalho alguma, que são 32% do total no país, e a porcentagem das residências que tiveram o Auxílio Emergencial (benefício do governo para enfrentamento ao impacto econômico causado pelo coronavírus) como única renda mensal em maio, que é de 5,2% do total de domicílios.
Por fim, o estudo afirma que a entrega do Auxílio Emergencial aos mais vulneráveis compensou em torno de 45% do total do impacto da pandemia do coronavírus sobre a massa de rendimentos do Brasil.