Dados do Ministério da Economia, reunidos pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, levantaram informações que mostram o Brasil cada vez mais dependente da China, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Apesar das declarações e críticas intensas do Governo de Jair Bolsonaro sobre o país asiático, grande parte das exportações brasileiras segue para a China, que é um potencial comprador dos produtos brasileiros há quase 20 anos.

A China é um exímio comprador do Brasil. Inicialmente, em 2001, a participação dos chineses nas vendas brasileiras estava em cerca de 1,9% e com o tempo foi crescendo até que em 2019 houve um salto bastante elevado.

Com o avanço econômico, o país chinês passou a contribuir em cerca de 28,5% nas vendas de produtos e insumos brasileiros. Nesse primeiro semestre de 2020, as vendas subiram para 33,8%.

Brasil e China: interdependência nas relações comerciais

Frente ao avanço da pandemia da Covid-19 (novo coronavírus), a economia mundial tem sofrido oscilações e quedas constantes. Contudo, quando o assunto diz respeito às relações comerciais entre brasileiros e chineses, o que se percebe é uma mútua dependência. Enquanto o Brasil ainda mantém uma forte especialização no que diz respeito a produção de matérias-primas, a China cresce economicamente e compra essas produções.

O Brasil só não está a todo vapor devido à sua estrutura pouco competitiva no mercado industrial, o que acaba limitando as pautas de exportações em dados momentos.

Apesar dessa dificuldade, apresenta um ótimo desempenho do agronegócio e no reforço elevado na produtividade do campo. Com essa aceleração no ramo, a China passou a ser um dos maiores importadores globais dos insumos brasileiros.

Nas últimas décadas, a China tem tido um excelente crescimento econômico, e isso tem contribuído significativamente para o aumento das vendas brasileiras.

O aumento nas exportações tem deixado o país sul-americano dependente das relações comerciais com os asiáticos.

Este ano, em meio à crise global gerada pela pandemia da Covid-19, as exportações subiram para 33,8% ainda no primeiro semestre, ou seja, cerca de um terço dos US$ 101,7 bilhões que entraram no país no primeiro semestre são provenientes da China.

Vendas para os Estados Unidos caem

Em contrapartida, analisando e comparando outros países do globo, os dados levantados mostram que entre 2001 e 2019 as exportações com destino à União Europeia caíram drasticamente de 25,4% para 15,4%, enquanto as exportações para os Estados Unidos sofreram uma queda ainda maior, de 22 para 9,9%.

As exportações para a Argentina também sofreram uma enorme queda diante da crise sanitária global, devido ao surgimento da Covid-19. As vendas para a Argentina caíram cerca de 28%. A Holanda passou a ser o terceiro destino das vendas do Brasil, estando atrás apenas dos EUA e China.

Segundo o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasi), José Augusto de Castro, a relação comercial do Brasil com a China se configura em uma interdependência e lembra que o Brasil é o maior em produção e exportação de carnes e soja, ao lado dos Estados Unidos.