Nos próximos dias 16 e 17 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá para discutir uma possível alta da taxa básica de juros (Selic). Caso seja confirmada, essa será a primeira alta da Selic após passar quase seis anos em queda. Economistas do mercado financeiro consideram que está ação será inevitável para controlar a economia.
A última alta ocorreu em julho de 2015, quando o comitê subiu os juros de 13,75% para 14,25%.
Segundo treze instituições financeiras, dentre elas o Bradesco, Santander e a Fundação Getúlio Vargas, o que se visualiza é uma alta da taxa dos atuais 2% para 2,50% ao ano, enquanto outras três preveem um aumento para 2,25% ao ano, de acordo com a agência Bloomberg, que coletou as projeções.
Os motivos do Banco Central para elevar a Selic, segundo analistas
A elevação da Selic tem como principais motivos o risco de descontrole da inflação, que está acima do centro da meta, o aumento de preços decorrentes da alta do dólar e a falta de ação do Congresso e do Governo Bolsonaro para conter o aumento do gasto público provocado pela onda da Covid-19.
Segundo o chefe do centro de estudos monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), José Júlio Senna, o Banco Central estima que para manter o controle sobre as expectativas de inflação será necessário subir os juros referentes à Selic. Senna ainda ressaltou que o quadro econômico tem se deteriorado rapidamente devido à depreciação do câmbio, o reajuste dos combustíveis e as decisões governamentais de cunho populista envolvendo a Petrobras.
Para o economista, o Banco Central pretende evitar que a inflação saia do controle, especialmente devido à redução no nível de atividade econômica no país e das restrições provocadas pela disseminação da Covid-19.
Banco Central deve elevar Selic conforme subir a inflação, diz professora da UFRJ
A professora do Coppead/UFRJ, Margarida Gutierrez, em contato com o jornal Folha de S.Paulo, afirmou que o aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) não irá representar um alto choque, mas fará diferença nos juros futuros e é isso que interessa ao BC, pois não adianta o BC não subir os juros por causa da baixa atividade econômica no Brasil.
Para a professora, o que banaliza o custo do crédito são os juros futuros. Portanto, o BC não pode ficar atrás da curva de juros ou sofrerá perdas. Gutierrez ressaltou que se a inflação está crescendo, então o Banco Central tem de subir juros referentes às expectativas futuras.
Banco Central abandona a mínima histórica de 2% da Selic
O economista da Rio Bravo Investimentos, João Leal, disse à revista Exame que o mercado espera que o Banco Central não apenas inicie, mas que mantenha o ciclo de aumento da Selic até o final do ano, pois dessa forma irá garantir a diminuição de risco e apreciação do câmbio.
Portanto, se depender da maioria dos analistas do mercado financeiro, a taxa Selic abandonará a mínima histórica de 2% e será elevada na próxima semana, quando acontecerá a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.