O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizou uma pesquisa que mostra que desde o início da pandemia do novo coronavírus, há um ano, o preço dos alimentos subiu 15%, quase três vezes mais que a taxa oficial de inflação no mesmo período, que ficou em 5,20%. A divulgação foi feita por meio do IPCA e considerou os últimos 12 meses.

A influência da pandemia na economia global tem se mostrado potencialmente negativa, visto que há fortes pressões para reajustes em diversos setores. O IPCA acelerou em fevereiro e encerrou o mês em 0,86%.

Essa foi a maior alta para fevereiro desde o ano de 2016, segundo o IBGE.

Alimentos na mesa do brasileiro podem ficar escassos

Com a alta dos alimentos, a inflação acumulada nos últimos 12 meses foi a maior desde janeiro de 2017, segundo o IBGE. Tanto o combustível como os alimentos têm um forte peso na inflação. O pesquisador do FGV Social, Marcelo Neri, afirmou em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, que a inflação dos mais pobres é ainda mais alta que a inflação da média brasileira, em especial, quando sobe o preço dos alimentos. Isso se configura em um amplo problema: a perda do poder de compra e o seu reforço devido à redução do auxílio emergencial.

Nesse sentido, o peso maior dessa conta fica no bolso da parcela mais vulnerável da população brasileira.

Atualmente, a cada dez brasileiros, cerca de três vivem com algum nível de insegurança alimentar. Entretanto, esse não é apenas um problema sentido no Brasil, apesar de a Universidade de Oxford revelar, por meio de um estudo com dados do Banco Mundial, que os preços dos alimentos no país subiram mais depressa na pandemia do que em outros países.

O fato é que o mundo tem sentido os efeitos devastadores da pandemia e um deles é a alta no preço dos alimentos, reduzindo significativamente o poder de compra das famílias que vivem em situação de miséria e pobreza.

Os próximos 30 dias serão ainda mais turbulentos, diz diretor da EQI

O aumento da inflação afeta o poder de compra da população brasileira e por este motivo os investidores têm observado seu comportamento, visto que ela é um dos principais indicadores que influenciam a decisão sobre a Selic (taxa básica de juros).

No momento, o cenário global tem preocupado o mercado. O diretor de operações da EQI, Pablo Spyer, disse, em entrevista à revista Exame, que os próximos 30 dias serão ainda mais turbulentos, pois o mundo vive momentos de incertezas.

Gasolina já sofreu seis reajustes nos últimos 60 dias

As expectativas têm sido bastante variáveis, devido à pressão inflacionária e as constantes revisões. O item com maior peso na composição do IPCA é a gasolina, que tem sofrido pressões significativas, resultando em uma média de seis reajustes nas refinarias desde janeiro deste ano.